Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Curso: Superior em Teologia
Semestre: 2012.2
Disciplina: Teologia do Novo Testamento
Professor: Gildelânio da Silva
Aluna: Umbelina Rodrigues de Sousa
O REINO DE
DEUS NA TERRA: JÁ E AINDA NÃO
INTRODUÇÃO
Deus preparou um povo para ser o berço do Messias.
Esse povo foi ensinado a aguardar o cumprimento das profecias no tempo
determinado por Deus. Os tempos passaram até que as profecias se cumprissem. No
capítulo 2 do Livro do profeta Daniel encontramos o relato de um sonho que Nabucodonosor
o rei da Babilônia teve e a sua interpretação dada por Deus a Daniel. Este
sonho prediz a vinda de quatro reinos sendo o último deles o do império Romano.
Daniel, no versículo 44, explica que durante os “dias destes reis, o
Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído”.
Muitos anos depois aparece alguém pregando no
deserto da Judéia, convidando o povo ao arrependimento e trazendo uma mensagem
animadora, este é João Batista, que aparece pregando: “Arrependei-vos
porque é chegado o reino dos céus” (Mt 3:2), deixando os seus
ouvintes atônitos. Em Marcos 1:15, Jesus pregou dizendo, “O tempo
está cumprido, e o reino de Deus está próximo”, e foi mais longe anunciando claramente que o
reino já estava presente em Seu ministério (Mt. 12.28), e ainda em
Marcos 9:1 Jesus disse a alguns dos seus discípulos que eles não passariam pela
morte antes de ver o reino de Deus chegar com poder.
Analisando os relatos do Novo Testamento,
percebemos que Jesus construiu seu reino nos dias do governo romano. O apóstolo
Paulo, ao falar dele mesmo e dos irmãos colossense, declarou: o Senhor “nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor” (Cl1:13). Pela forma como o verbo está conjugado o reino já
existia e eles faziam parte dele quando Paulo escreveu a carta aos Colossenses,
em Apocalipse João disse que ele é um irmão e companheiro dos irmãos das sete
igrejas da Ásia no reino, ou
seja, João estava no reino o que nos mostra que o reino já
existia.
Surge então a pergunta? O que é o reino de
Deus? Essa é uma questão que permeia a mente de muitos cristãos, não é uma
questão fácil de respondê-la devido as transformações sociais e a constante
mudança de comportamento observadas ao longo dos anos, provocadas por essas
transformações, a desvalorização para com as coisas de Deus é visível,
o que importa é o imediatismo, nesse contexto, como cristãos precisamos e
devemos conhecer e entender o que Deus quer para nossas vidas e o que vem a ser
este reino, que fora anunciado por Jesus, este sendo
apresentado na Bíblia como o Rei dos reis. Assim, com o presente trabalho
pretendo pesquisar e buscar entender um pouco sobre o que de fato é o Reino de
Deus e as suas implicações na vida do Cristão e da sociedade.
JESUS E O REINO DE DEUS
Sobressai nos evangelhos a ênfase que Jesus Cristo
deu ao reino de Deus, pois ele se referiu nada menos que 70 vezes, enquanto
apenas duas vezes à Igreja. Por isso, um dos evangelhos é também conhecido como
“o evangelho do reino”, expressão presente em quase todas as parábolas contadas
pelo Senhor. Para um perfeito entendimento do reino no Novo Testamento é
primordial que se considere a expressão que contenha a palavra “reino” à luz de
seu respectivo contexto.
Reino de
Deus, do hebraico “malkuthYawehh” e do grego “Basiléia tou Theou”, essa expressão ou
sua equivalente aparece 51 vezes no Evangelho
de Mateus e 80 vezes em Marcos, sendo o tema central da pregação de
Jesus que o anuncia e também o realiza. Para a maioria dos estudiosos do
assunto, não há qualquer diferença entre “reino de Deus” e “reino dos céus” (Mt
4.17; Mc 1.14), no entanto, existem algumas
referencias bíblicas em que os termos não se equivalem (Mt 22.2-7 e Rm
14.17).
Reino dos
céus aparece somente em Mateus,
provavelmente essa expressão representa as palavras de Jesus, porque céu era,
para os judeus, sinônimo de Deus, e eles preferiam essa palavra, assim, o autor
evitou muitas menções ao nome de Deus para não torna-lo banal, em consideração
ao profundo respeito que os judeus dedicavam ao nome divino. Usualmente Mateus
refere-se ao esperado reino messiânico. Ao governo de Messias sobre o trono (Mt
3.2; Lc 1.32-33 cf Dn 7.27; Is 40.3). Como os outros escritores do Novo
Testamento estavam em maiores relações com cristãos não judeus, usavam assim
uma expressão mais acessível, “o reino de Deus”. Um estudo cuidadoso dos
evangelhos nos mostra que essa duas expressões “reino de Deus” e “reino dos
Céus” são intercambiáveis, elas são usadas indistintamente. Em passagens
correlatas Mateus usa “Reino dos Céus” enquanto Marcos e Lucas usam “reino de
Deus” (cf Mt. 4.17 com Mc. 1.15).
Segundo Youngblood (2004, p. 1219):
Alguns intérpretes da Bíblia consideram
que a expressão “reino de Deus” é um termo mais abrangente, referindo-se tanto
ao céu quanto a terra. Da mesma forma eles acreditam que “reino dos céus” é um
termo mais restrito, que se refere ao governo de Deus sobre a terra,
principalmente em relação a nação de Israel. Segundo essa visão, Jesus ofereceu
o reino dos céus literal a Israel, mas os judeus não quiseram aceita-lo. Por
isso ele foi adiado até a Segunda Vinda de Cristo.
O povo judeu esperava que o reino de Deus pusesse
um fim imediato na era do mal. Mas ele chegou misteriosamente, sem fazer isso. A
nova realidade do reino se sobrepôs à era atual, invadindo-a, em vez de acabar
com ela. O reino que se inicia com o ministério de Jesus manifesta-se sob a
forma de um mistério: embora ele esteja fisicamente presente através dos atos e
obras de Jesus, ele ainda não domina completamente o mundo. O julgamento dos
inimigos de Deus é adiado; o reino que chegou com Jesus não incluiu a vitória
triunfal tão aguardada pelos judeus. Para Santos (2006. p. 435)
O Reino de Deus, o reino dos
céus, como apresentado nas palavras de Jesus cristo, está inseparavelmente
ligado à Sua obra redentora; este reino não é do mundo, na sua origem, ou na
sua conservação. Não é também político, com limites geográficos ou de raças, é
um domínio espiritual e moral, no qual Deus é supremo. E para todos (Mt.
8.11-12; 25.31-34). O que caracteriza o cidadão desse reino não é a sua raça,
mas sua obediência (Mt. 7.21, cf. com 3.20). Está em contraste com possessões,
e é colocado acima delas (Mt. 6.33). Desde o momento em que o reino já atua na
vida dos súditos, pode-se dizer que está dentro deles (Lc. 17.21).
Jesus passou em todas
as cidades e vilas da Galileia pregando, e certamente o assunto das suas pregações
era uma verdade demasiadamente importante. Os Evangelhos fornecem a resposta
sobre essa verdade: ele andava "... pregando e anunciando o evangelho do
reino de Deus..." (Lc 8:1); ou "...o evangelho do reino..." (Mt
4:23; 9:35). Mateus ao escrever sobre o reino de Deus não se preocupa em
defini-lo, ele se refere apenas como "o reino", pois, o seu
significado era facilmente compreendido por aqueles que conviviam com Jesus
naquela época. O Reino de Deus é a demonstração
do poder divino em ação; Deus inicia seu domínio espiritual na terra, no
coração do seu povo e no meio destes (Jo14:23). Jesus mesmo afirmou: Se alguém
me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e
faremos nele morada.
Até a vinda de Cristo
a morte reinava, mas quando Jesus se manifestou em carne, todos nós recebemos
da sua plenitude, e graça sobre graça (Jo 1.16). Ele veio para expulsar o
príncipe deste mundo (Jo 12.31), e estabelecer o Seu Reino sobre este mundo,
pois Ele disse: "Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos céus" (Mt 4.17). Até a vinda de Jesus, só o Diabo tinha o império da
morte, mas os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça, podem agora
reinar em vida por Jesus Cristo (Rm 5.17). Aqueles que nasceram de Deus, não
pertencem mais a este mundo, e muito menos estão sujeitos ao pecado e ao Diabo.
Sobre o último inimigo a ser destruído que é a morte, podemos andar em plena
esperança, porque: "se o
Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que
dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que em vós habita" (Rm 8.11).
A busca
de Deus pelo homem dá inicio a uma guerra espiritual contra o reino das trevas;
o diabo fica totalmente armado (Jo 2:38,29; Mc 1:23,24) e o povo fica numa
decisão de submeter-se ou não ao governo de Deus. (Jo 3:1,2; 4:17; Mc 1:14,15).
A chegada do Reino de Deus é o começo da destruição de Satanás e do seu domínio
(Jo 12:31;16:11; Mt 12:28; Jo 18:36) e do livramento da humanidade das forças
demoníacas (Mc 1:34,39; 3:l4,l5; At 26:18) e do pecado (Rm 6).
Para Jorge (1999, p. 443):
O Reino é a realização do projeto
de Deus que deseja liberdade e vida para todos, inclusive os oprimidos. O
cristão, vivendo a história revelada por Jesus Cristo, deve orientar-se por
valores que o levem á fidelidade aos ensinamentos do Mestre, respeitando os
sinais do Reino de Deus, valores esses por cuja defesa ele pode até mesmo
perder a vida, como sucedeu com o Messias.
Jesus
entra no mundo com poder. “Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns
há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder” (Mc
9;1). “Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder” (1Co 4.20).
O reino, não se constitui em uma “religião humana”, em teorias ou conhecimentos,
ele não está vinculado ao domínio social ou político das nações ou reinos deste
mundo. Jesus mesmo declara: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse
deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos
judeus; mas agora o meu Reino não é daqui (Jo18: 36).
Jesus era a plena encarnação do reino. Seus
ensinamentos éticos, por exemplo, não podem ser compreendidos se forem
desvinculados do anúncio do reino. Eles traduzem a ética do reino; a perfeição
para a qual apontam não faz sentido se o reino não estiver presente. A
participação na nova realidade do reino envolve o seguidor de Jesus em um
chamado à prática da santidade (Mt. 5.20). Os atos e feitos de Jesus também só
fazem sentido dentro do contexto mais amplo da proclamação do reino. Quando
João Batista perguntou se Jesus era “Aquele que estava por vir”, ou o Messias,
Jesus respondeu enumerando algumas de suas curas milagrosas. Tudo o que Jesus
fez está relacionado com Sua declaração de que o Reino de Deus havia descido
até a humanidade, através do seu ministério.
Sobre isso Marshall
(2007 p. 500) declara:
O reino de Deus é
associado com o agente que o proclama, mas também por meio do qual o reino
surge. O reino de Deus é proclamado por Jesus, mas, a proclamação em si, tanto
em palavra quanto na ação que o acompanha, é a manifestação do reino, o meio
pelo qual se realiza. Consequentemente, a questão da identidade de Jesus como
agente de Deus é central.
Um fato interessante é que Jesus não define
exatamente o que seja o Reino, ele faz comparações com algo palpável como o
desenvolvimento do grão de mostarda ou como a ação do fermento na massa. Ele
também usa parábolas de crise, que sacodem a consciência, como a figueira
estéril e o rico insensato. Essas parábolas apresentam relatos polêmicos sobre “o
reino de Deus”, cuja vinda não é tranquila.
Jesus resume seu ministério com a seguinte
afirmação: Eu via satanás caindo do céu como um relâmpago (Lc. 10.18), isso
significa que Satanás e o mal estão batendo em retirada agora que o reino de
Deus fez sua entrada na historia humana. Esta é uma antecipação da era de
perfeição que será inaugurada na volta de Cristo. Assim, a resposta à pergunta:
O que é o Reino de Deus? Podemos encontrar nas palavras de Jorge, (1999 p. 443)
que nos diz:
A resposta vive-se no momento
atual histórico - kairós - na tensão
entre o ‘já’ e ‘ainda não’, entre a decisão assumida no hoje e a abertura cheia
de esperança para a Plenitude. Afinal nosso objetivo é pertencer a Deus, fazer
parte do seu Reino de Amor; mas só nos plenificaremos no ‘final feliz’, após o
termino de nossa caminhada. Este reino que virá em plenitude, já está presente
como o fermento na massa.
Algumas vezes Jesus falou deste reino, referindo-se
aos seus membros, por exemplo, na parábola do joio e na das redes (Mt. 13), e
também ao lugar ou estado em que os seus membros serão encontrados na vida
futura (Mt. 8.11 e 25.34), ou seja, as palavras dos apóstolos se harmonizam ao
tratar acerca desses dois pensamentos: a vida presente do povo de Deus na terra
e a sua glória futura. Desse modo o reino “não é comida nem bebida”, mas
justiça e paz, e alegria do Espírito Santo (Rm 14.17), é um reino em que a
“carne nem sangue” não podem herdar (1Co. 15.50), é uma herança vindoura (Gl.
5.21).
Jesus nos ensinou, no Pai Nosso, uma petição a Deus: "Venha o teu
Reino, seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt. 6:10). Com
essa oração Jesus mostra a prioridade que ele deu ao Reino de Deus; assim, podemos
inferir que o reino de Deus virá à Terra quando a vontade de Deus for
respeitada aqui tal qual ela é respeitada no céu, isto é, quando o mundo
visível refletir totalmente o mundo invisível?
Um reino é um lugar onde um rei governa, o Reino de Deus está onde quer
que Deus reine sobre as vidas daqueles que lhe estão sujeitos, o Reino de Deus
não é visível porque Deus não é visível, é um Reino espiritual, Jesus mesmoo
disse: "O Reino de Deus está entre vós" (Lc. 17:21). O Reino de Deus
é eterno, no presente momento, um mundo invisível está aqui, em nosso meio.
Onde quer que haja aqueles que honrem a Jesus Cristo, o Rei, e onde quer que o
Espírito do Rei esteja, lá está o Reino de Deus.
O REINO DE DEUS E A IGREJA
Em Lucas 22:29-30, enquanto Jesus instituía a Ceia,
ele disse aos apóstolos, “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu
vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino”. De
acordo com esse texto a mesa do Senhor está no reino, mas certamente também Ceia
está na igreja de acordo co 1 Coríntios 11:17-34. Em Atos 20:28, Paulo disse
aos presbíteros de Éfeso que a igreja
foi comprada com o sangue de Cristo e Em Apocalipse 5:9-10, Cristo comprou o reino com seu sangue.
Em Mateus 16:17-19 Pedro faz a grande confissão que
Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo; depois Jesus prometeu dar a chaves do
reino dos céus a Pedro. As chaves indicam a autoridade de abrir, assim, Pedro
havia recebido a autoridade de abrir o reino dos céus. Quando Pedro disse às
pessoas o que precisavam fazer para serem salvas, ele estava usando as chaves
para abrir a porta para o reino dos céus. No entanto, Atos
2:47 diz que os salvos foram acrescentados à igreja. A partir
desses fatos e de acordo com Mateus 16:18-19
podemos concluir que a igreja e o reino são dois aspectos da mesma instituição.
Sobre essa questão Hiram Hutto declara:
E. C. Coffman chama nossa atenção
aos seguintes assuntos, para mostrar que o reino e a igreja são a mesma
entidade, apenas vista de maneiras um pouco diferentes: 1. Não há
diferença entre o “governador” e autoridade – Cristo é a cabeça da igreja
(Cl 1:18) e Cristo também é o rei do reino (At 17:7; Ap 1:5); 2. Não há
diferença em como entrar: pessoas que nascem da água e do Espírito entram no
reino (Jo 3:3-5). É assim que uma pessoa entra na igreja (1 Co12:13); 3. Ambos
se estabeleceram ao mesmo tempo: a igreja em Atos 2:16-17, 47; o reino em Atos
2:30-36 e 4. Foram estabelecidos no mesmo lugar: Jerusalém (Is 2:3) a igreja,
que é a casa de Deus (1 Tm 3:15; At 2:5, 30-33).
O SÚDITO DO REINO DE DEUS.
Dois termos bíblicos importantes aparecem na
pregação de João e também na dos outros apóstolos, e principalmente na pregação
do próprio Jesus: arrependimento e conversão. A condição necessária e
fundamental para entrar no Reino de Deus é: “Arrependei-vos e crede no
Evangelho de Cristo” (Mc 1:15). Arrependimento e conversão aparecem separados
como fases sequentes no apelo de Pedro: “Arrependei-vos, pois e convertei-vos”
(At 3.9). O arrependimento precede a entrega, e esta marca o inicio da
conversão.
Jesus
falou do reino como algo em que se pode entrar, como se estivesse cruzando a
fronteira de um país, sendo o passaporte o espírito semelhante ao de uma
criancinha (Mc 10.15) e afirmou ainda que, mediante o novo nascimento se pode
ver o reino de Deus (Jo 3.3). O crente busca diligentemente o Reino de Deus, em
todas as suas manifestações, tendo fome e sede pela presença e pelo poder de
Deus, tanto na sua vida como na sua comunidade (Mt. 5:10; Mt. 6:33). Segundo
Marshall (2007, p.500), A proclamação do reino desafia os
ouvintes a responderem positivamente a mensagem, e isso envolve o discipulado
de Jesus e o compromisso total para com ele.
Marshall também declara que: “O reino de Deus impõe um modo de
vida aos que nela entram” para
ele “Mateus em especial sistematiza o
ensino de Jesus sobre como as pessoas devem viver”. Em Mateus 11:12 Jesus revela fatos sobre a natureza
dos membros do Reino de Deus, Ele disse que somente quem se esforça apodera-se
do Reino de Deus, estes, movidos pelo próprio Deus, resolvem romper com as
práticas do pecado, e seguem a Jesus Cristo, a Sua Palavra e seus justos
caminhos, não importando o preço a pagar, esses decididamente buscam o Reino de
Deus com todo o seu poder.
O sermão de Jesus registrado por Mateus, conhecido
como Sermão do Monte, tem sido considerado por muitos estudiosos da Bíblia como
a ética do Reino. Vale salientar que esse sermão não consiste em uma nova lista
de mandamentos como o decálogo, mas sim de uma descrição clara e simples de
como devem viver as pessoas que entram no reino de Deus, ou seja, Jesus apresentou
as qualidades morais que deveriam acompanhar as pessoas que desejassem se
tornar súditos e dignos de pertencer ao Seu reino. Essas bem-aventuranças
seriam, então, as condições essenciais para quem quiser o direito de cidadania
ao Seu Reino.
No texto de Marcos
4.30-32 Jesus compara o reino de Deus a um grão de mostarda, nos fazendo
lembrar que “quando se
semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, tendo sido
semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos,
de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra”, assim,
Jesus nos mostra que o reino dos céus alcançaria grande extensão mundial e para que isso aconteça depende da fé (Mt
17.20) de cada cristão para pregar a mensagem da cruz, crescer e se multiplicar
proporcionando aos desalentados alimento e abrigo.
Ainda em Mateus 13:47-50 ele nos diz “Igualmente o reino dos
céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de
peixes e, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons
em cestos; os ruins, porém, lançaram fora. Assim será no fim do mundo: sairão
os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de
fogo; ali haverá choro e ranger de dentes”. Sua intenção com tais palavra é
advertir que grandes e pequenos peixes podem
vir numa pesca, mas Deus escolhe os melhores e, aquele que não serve para a
alimentação é jogado fora, ou seja, haverá um julgamento e a consequente
separação entre bons e maus, os maus irão para o sofrimento e os bons para o
descanso eterno.
Jesus se
utilizou de muitas parábolas, além das acima citadas, para ensinar sobre o
reino de Deus; em todas elas Jesus está se dirigindo aos que sentem o desejo do
conhecimento da Sua Palavra. Aqueles que estão dispostos a entregarem suas
vidas para Ele no altar, e testemunhar o Evangelho -“o Seu reino na terra”,
mostrar para o mundo e fazê-lo conhecido. Vivendo como príncipe, herdeiro das
coisas celestiais.
Em outras palavras, pertencer ao Reino de Deus e
desfrutar de todas as suas bênçãos requer esforço sincero e constante. Um
combate de fé, aliado a uma forte vontade de resistir a Satanás, ao pecado e a
sociedade perversa em que vivemos, ou seja, não conhecerão o Reino de Deus,
aqueles que concordam com o mundo de pecado, que negligenciam a Palavra, e tem
pouca fome espiritual. Devemos seguir o exemplo de seus servos: José (Gn 39:9),
Natã (2 Sm 12:17), Elias (I Rs 18:21), Pedro, João (At 4:19:20), Paulo,
Estevão, Éster, Maria, Ana, Lídia e tantos outros.
OS MISTÉRIOS
DO REINO DE DEUS.
Jesus
mesmo dizia: Eis que é chegado a vós o Reino de Deus. Os
fariseus perguntaram para Jesus, quando havia de vir este dia. Ele
respondeu: O Reino de Deus não vem com aparência exterior… (Lucas.17:20,21).
O Reino de Deus é invisível aos olhos humanos, “é um Reino espiritual”.
Somente verão aqueles que entregaram suas vidas para o Senhor Jesus, que
entraram neste Reino para vencer o reino das trevas neste mundo, vencer
o pecado, vencer Satanás. São mistérios da Palavra que estão encobertos
para o homem natural, e que o Espírito Santo revela, para todos que crê, no
Evangelho de Cristo Jesus, e O tem como Senhor de suas vidas. O mistério do
Reino de Cristo, em nossa geração, é espiritual, pela fé no Senhor Jesus.
Os
evangelhos nos mostram como Jesus foi, aos poucos mudando a ideia do reino,
transferindo-a do seu aspecto material para o espiritual. O Novo testamento,
nos mostra também como Jesus, pela sua vida, ensinos, morte e ressurreição,
estabeleceu a base sobre a qual esse reino de Deus, no seu sentido espiritual
poderia tornar-se conhecido aqui na terra. Não há duvida alguma de que o reino
de Deus, no que diz respeito à terra, seja ainda futuro em sua realização
plena. Porém no que diz respeito ao governo soberano do criador sobre todo o
Universo, esse reino é eterno, pois abrange o eterno passado, o presente e o
eterno futuro.
Chamando
nossa atenção para esta verdade Jesus mesmo declarou: “Se alguém disser: Eis
que Cristo está aqui, ou acolá, não acrediteis, não vai, porque o Reino de
Cristo está dentro de vós (no coração, na mente). Sua vida está em mim… Ou em
vós”. A Palavra nos alerta que surgirão
muitos falsos profetas, pastores, e cristãos no meio da Igreja. (Lc 18:9). O
Reino de Deus é invisível, é espiritual e Celestial. Portanto, não esperais que
todos vejam com olhos humanos O Reino de Deus. Somente verão, com os olhos da
fé, aqueles a quem o Espírito Santo revelar, somente aqueles que tem o Espírito
de Cristo, em seu caráter.
CONCLUSÃO
Jesus veio ao mundo implantar o
reino de Deus, como a verdadeira luz para iluminar o caminho da salvação. A
vida espiritual está essencialmente ligada à luz e as trevas, ao bem ou ao mal,
ao certo ou errado. A situação de cada pessoa está diretamente relacionada à
posição que ela se encontrada em relação ao Senhor Jesus. Ou ela se encontra
nas trevas, se estiver afastada de Deus; ou se encontra na luz, se estiver em
comunhão com Deus.
João foi
escolhido por Deus para preparar o caminho do Senhor (Is 40.3) e ele não só
proclamou a chegada do libertador, exortando os homens ao arrependimento dos
seus pecados, como condição para recebê-lo, mas também profetizou acerca de sua
obra redentiva quando o apresentou como “O Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mudo”, assim, arrependimento é palavra chave no discurso de João como
condição primária para entrar no reino dos céus. Cabe a nós, servos seus e
súditos desse reino a responsabilidade de anunciar as boas novas de salvação a
fim de trazer aqueles que farão parte desse reino juntamente conosco.
Diante de
tudo que foi exposto entende-se, pois, que o “reino dos céus” foi inaugurado
aqui na terra pelo Senhor Jesus. É o reino Messiânico. O reino é o grande
objetivo das profecias e a esperança final de todos os redimidos pelo sangue de
Jesus.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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YOUNGBLOOD, Ronald Y, R. K. Harrison e F. F. Bruce. Dicionário Ilustrado da Bíblia. São Paulo. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2004.
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CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2009.
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DOCKERY, Davd S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo. Editora Vida Nova, 2001.
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SANTOS, João batista Ribeiro santos. Dicionário Bíblico: conhecendo e Entendendo
a Palavra de Deus. São Paulo. Editora Didática Paulista, 2006.
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JORGE, José Antonio. Dicionário Informativo, bíblico, teológico
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·
MARSHALL, I. Howard. Teologia do Novo Testamento: Diversos
Testemunhos, um só Evangelho. São Paulo. Editora Vida Nova, 2007.