FRASES QUE MARCAM

“Assim como as paixões, violentas ou não, jamais devem ser expressas de forma a produzir asco, a música ainda que nas situações mais terríveis, nunca deve ofender o ouvido, mas agradar; continuar a ser música enfim” (Wolfgang Amadeus Mozart).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

LEI E GRAÇA: OPOSTO ENTRE SI?

Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Curso: Superior em Teologia
Semestre: 2012.1
Disciplina: Análise de Romanos
Professor: Gildelânio da Silva
Aluna: Umbelina Rodrigues de Sousa


  
 LEI E GRAÇA: OPOSTOS ENTRE SI?

1. INTRODUÇÃO

Sempre que se pede para alguém definir a relação entre a lei e a graça, quase que involuntariamente, a resposta tem sido a seguinte: Lei é do Antigo Testamento e Graça é do Novo Testamento. Essa atitude tem sido uma prática muito comum ainda hoje. Com base nesse pensamento, muitos se perguntam: Estamos vivendo sob a lei ou sob a graça?
Esse questionamento denota um entendimento equívoco das verdades bíblicas acerca desse assunto, que se dá devido a estudos realizados de forma apressada e sem profundidade. Uma leitura isolada, fora do contexto, de textos bíblicos que tratam do assunto em pauta certamente levará o leitor a entender lei e graça como conceitos opostos entre si.
A falta de conhecimento leva-nos muitas vezes a defender heresias; uma delas, referente ao assunto em questão, é o antinomismo - a negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei não exerce nenhuma influência sobre o cristão, o seu coração torna-se o seu guia e a lei é dispensável. O oposto dessa posição é o neonomismo - a disposição de ressaltar a lei em detrimento da graça, também muito conhecida como legalismo. Aqui, o objetivo da obediência é agradar a Deus para conseguir mérito diante d’Ele e não um fruto da sua graça e do seu amor em nossas vidas. Contra essa ideia lutou a Reforma Protestante enfatizando a sola gratia, um dos cinco pilares na defesa ao Cristianismo.
Sobre isso Mauro Meister (1999, p. 1) registra:

No século XIV, os católicos acusavam os reformadores de antinomistas de serem contrários à lei de Deus. Até mesmo o grande reformador matinho Lutero expressou sua preocupação quanto a alguns de seus seguidores que, em seu zelo de proclamar a graça por tanto tempo desprezada pela igreja, acabavam por desprezar a lei.

O legalismo, abordado por Paulo, em alguma de suas cartas diminui a graça de Deus, pois prega a busca da salvação por meio da prática religiosa e das obras da lei, fazendo-as participantes de nossa aceitação diante de Deus, justamente com os méritos de Cristo. Paulo insistia contra isso e ensinava que a salvação se dá somente pela graça, em Cristo, através da fé (Efésios 2.8-9). Associar boas obras ao que Cristo fez, para obter o favor de Deus, invalida a graça, diminui o sacrifício e a pessoa de Cristo e nos afasta da vida eterna.
Do outro lado, o maior erro do antinomismo é transformar “em libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Enquanto o legalista exalta a lei a ponto de excluir a graça, o antinomiano é deslumbrado pela graça e renega a lei, como uma regra de vida e, argumenta: visto que já libertos da lei (Romanos 7:6) e não estando mais debaixo dela, e sim, da graça (Romanos 6:15), não importa que tipo de vida os crentes levem pois eles já receberam o perdão permanente de Deus.
O que pensamos sobre essa relação entre a lei e a graça vai definir o modo como enxergamos a vida cristã e, que tipo de ética assumiremos em nossa vida prática. Ao escrever este texto pretendo mostrar que, mesmo no Antigo Testamento, com o cumprimento da lei e dos rituais instituídos por Deus, a Sua Graça se manifestava e os homens foram salvos por ela somente, através da fé, mas isso não exclui de modo nenhum as leis dadas por Deus para que as cumpramos, assim, procuremos entender o papel da lei em nossas vidas e a benção de obedecê-la desfrutando da Graça de Deus.

2. A FUNÇÃO DA LEI

Antes de verificarmos a função da lei em nossas vidas, vamos passear um pouco pela Teoria das Alianças trabalhada pela Confissão de Fé de Westminster para explicar a maneira que Deus adotou para se relacionar com as pessoas. Essa teoria divide a aliança de Deus com o homem em duas, Aliança das Obras e Aliança da Graça, assim, comecemos por esclarecer essas alianças e qual o conceito de lei nelas envolvido.
A Aliança das Obras é o pacto existente antes da queda. Adão e Eva viviam originalmente debaixo desse pacto e dependiam da obediência à lei dada por Deus em Gênesis 2.17: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão e Eva desobedeceram e, como consequência, receberam a morte, maldição da Aliança das Obras. A Aliança da Graça é a manifestação misericordiosa de Deus, aplicando Jesus Cristo à maldição da primeira aliança, através do seu sacrifício vicário, fazendo com que parte da sua criação, antes representada em Adão, e agora representada por Cristo, fosse redimida.
Sobre a teoria das alianças Virkler (2001, p.99) afirma:

Outra teoria que enfoca a continuidade antes da descontinuidade na história da salvação é a das alianças do pacto. Os teólogos das alianças veem toda a história bíblica coberta por duas alianças, uma das obras até a queda uma da graça desde a queda até o presente. A aliança das obras é o acordo de Deus com Adão, que pela obediência recebia vida e pela desobediência a morte. A aliança da Graça é o acordo de Deus com o pecador, este recebe vida pela fé e promete uma vida de fé e obediência.

Algumas acusações são feitas a esta teoria, uma delas é que ela considera o Antigo e o Novo Testamento sob a aliança da graça apenas, mesmo com os diversos versículos que indicam a presença de duas alianças. Outra acusação é que a teoria das alianças chega muito próximo da ideia dispensacionalista, visto que o Antigo testamento faz menção a várias alianças. Mas, os que a defendem reúnem todas as alianças do Antigo Testamento sob o título mais geral de Aliança da Graça, para eles a próxima aliança vem para apresentar mais detalhes da Aliança da Graça, visto que as pessoas foram chamadas, justificadas e aceitas na família de Deus pela graça a partir da queda.
Devemos observar que a lei, antes da queda, não se resume à ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Observe os que verbos no imperativo que aparecem nas expressões: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a em Gênesis 1.28 indicam ordens, ou seja, leis dadas por Deus para Adão e Eva cumprirem. O relacionamento de Adão com o Criador estava ligado à obediência, mas não só isso, o relacionamento deveria ser de maneira tal que nele, Deus fosse glorificado e ele mesmo tivesse alegria em servi-lo.
Para que o seu relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem deveria ser obediente cumprindo o propósito para o qual foi criado. O ser humano, desde o princípio, conheceu os propósitos de Deus através da lei, ao desobedecê-la tornou-se réu da mesma o qual recebeu a morte por castigo, ou seja, a separação, o relacionamento foi quebrado.
O que acontece com a lei depois da queda e da desobediência? Ela tem o mesmo papel? Ela possui diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar a sua lei ao ser humano caído?

3. o que é a lei de deus?

A revelação da lei de Deus que demonstra a sua vontade encontra-se registrada nas páginas na Bíblia. Essa lei foi revelada e registrada ao longo do tempo e possui diferentes áreas de atuação. Assim, é importante observar o contexto em que cada lei é dada, a quem é dada e qual o seu objetivo, só assim poderemos entender o conceito de lei.
A lei, apresentada na Bíblia, é dividida por muitos estudiosos em três aspectos, quais sejam: lei moral, lei civil e lei cerimonial. Cada uma tem uma função e um tempo para sua aplicação, ou seja, a Lei Civil representa a legislação dada à nação de Israel e define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições; a Lei Cerimonial representa a legislação levítica do Velho Testamento ela ordena os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial e a Lei Moral representa a vontade de Deus para o ser humano ditando seu comportamento e principais deveres.
Sobre a aplicabilidade da lei Solano Portela (1993) afirma

Quanto à aplicação da Lei, devemos exercitar a seguinte compreensão: A Lei Civil tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. A Lei Religiosa tinha a finalidade de transmitir aos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua vinda. A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões.

É de suma importância que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que tipo de lei o texto se refere e identificar a sua aplicabilidade em nossos dias. As leis civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o povo de Deus hoje, ainda que tenham função de ensinar princípios gerais sobre a justiça de Deus. Mas, a lei moral de Deus permanece válida em nossa e em todas as épocas. Ela valeu para Adão assim como vale para nós hoje. Assim, voltemos à questão levantada anteriormente e tentemos buscar a resposta.

4. ESTAMOS SOB A LEI OU SOB A GRAÇA DE DEUS?

Interpretações errôneas podem levar a um entendimento falho dos textos bíblicos de que “não estamos debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6.14). Se entendermos que os três aspectos da lei de Deus vistos anteriormente são distinções bíblicas, de acordo com Solano Portela (1993) podemos concluir que:

Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus, em que o evangelho atinge a todos os povos. Não estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias, cumprida em Cristo, e não nos obriga à nenhum de seus rituais, uma vez que estamos sob a graça do Evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes. Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos achamos cobertos por sua graça. Olhando através desses pontos de vista de fato, não estamos, portanto, sob o domínio da lei, mas sob a graça de Deus. Entretanto, Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando nossos deveres diante de Deus e do nosso semelhante. Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela representa o caminho traçado por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossas vidas (João 14.15). a Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça representando a revelação objetiva e proposicional de sua vontade.   

A afirmação de Paulo de que o Cristão não está “debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos. 6.14) poderia implicar que não há mais regras às quais o cristão deva obedecer, e nenhuma pena para qualquer pecado que ele cometer. A resposta de Paulo é semelhante ao seu ensino nos versos 3-11: o pecado habitual manifesta um estado de escravidão (v. 16), um estado do qual todo cristão foi liberto (Romanos. 6.17,18).
Paulo mostra que os cristãos, libertos da lei mosaica, estão, mesmo assim, vinculados por um código de autoridade, regras de conduta semelhantes em alguns aspectos à da lei mosaica. Ser livre do pecado, segundo Paulo, não significa que os cristãos são autônomos, que vivam sem mestre ou sem qualquer obrigação, ou seja, significa uma nova escravidão, mas desta vez à justiça (Romanos 6.18,19) e a Deus (Romanos 6.22).
Falando sobre isso Virkler (2001 p.95,98) registra:

Lutero acreditava que para uma adequada compreensão da Bíblia devemos distinguir com cuidado entre duas verdades paralelas e sempre presentes: a Lei e o Evangelho. [...] Ambos os aspectos da natureza de Deus existem lado a lado, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A lei reflete a santidade do caráter de Deus. A graça é a resposta divina ao fato de que o homem nunca pode satisfazer ao padrão de santidade exigido pelo Senhor. Para os teólogos luteranos a Lei e o evangelho revelam dois aspectos integrantes da personalidade de Deus: sua santidade e sua graça. Assim eles veem a lei e o Evangelho como partes inseparáveis da história da salvação, desde o relato do pecado da Adão e Eva até o encerramento do milênio. [...] A posição luterana acentua com vigor a continuidade. Deus continua a responder ao homem com a Lei e com a Graça como tem feito desde o começo da história humana. A Lei e Graça são duas épocas diferentes no trato de Deus com os homens mas partes integrantes  de todo o seu relacionamento.

Assim, o papel da lei é reprimir os transgressores para evitar que o mal se expanda perante a sociedade. A lei serve também como um mediador, um condutor a Cristo, segundo as palavras de Paulo em Gálatas 3.24: “... de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé”.
Deus expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente e o crente procurando melhor servir ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua vontade através da lei que foi dada. Para o nascido de novo, que conheceu a graça de Cristo, a lei é prazer, produz respeito, restaura a alma e lhe dá sabedoria; embora, ele seja conduzido pelo Espírito Santo, vivendo e dependendo tão somente da sua graça, a “lei é o melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.” (As Institutas, 2.7.10, apud Meister, 1999 p.7). 
O que seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como ele conheceria a vontade de Deus? Ele seria um perdido, buscando respostas em seu próprio coração, na igreja e/ou na autoridade de alguém que considerasse superior. Mas o crente tem a lei de Deus, que expressa claramente qual é o desejo do Criador para a criatura, qual o desejo do Pai para seus filhos.
Mas essa visão da lei não nos traz de volta ao legalismo? Estamos então novamente debaixo da lei? Certamente que não. Para bem entendermos a lei na Aliança da Graça, precisamos entender também como se dá a relação de Cristo com a Lei.
De acordo com em Mateus 5.17-19 aprendemos que Jesus veio cumprir a lei e não revogá-la - Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a morte e Ele não só cumpriu a lei perfeitamente, mas também a interpretou de forma perfeita, permitindo aos salvos por Ele, entendê-la de forma completa. A justificação que estava associada à lei agora pertence plenamente a Cristo.
Os ensinamentos éticos de Jesus não representam uma separação radical da lei, eles são uma extensão natural dos dois maiores mandamentos que são primeiramente encontrados na lei: "Amarás, pois, o Senhor teu Deus com todo o teu coração" (Deuteronômio 6:5) e "amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18). A grande diferença entre a lei e o evangelho não se encontra em suas respectivas exigências éticas, mas na morte sacrifical Jesus Cristo.
Paulo ensina que a verdadeira liberdade só pode ser obtida em um relacionamento com o Deus que nos criou. Por meio do nosso relacionamento com Cristo em sua morte, nós cristãos morremos para a lei, isto é fomos libertados de seu domínio (Romanos 6.2).  Portanto, nossa obediência à lei não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e vida para o verdadeiro cristão (Romanos 6.17).

5. CONCEITO DE GRAÇA

Para alguns a lei e a graça são conceitos que revelam aspectos opostos acerca de Deus, enquanto que a lei no Antigo Testamento mostra sua severidade, a graça revela seu amor no Novo Testamento; no entanto, podemos perceber que a graça e o evangelho de Deus aparecem no Antigo Testamento também. Pois este foi pregado a Moisés (Hebreus 4.1-2), a Abraão (Gálatas 38-9), dentre outros. Paulo nos diz, em outra de suas cartas, que Abraão e Davi foram exemplo de homens justificados pela fé (Romanos 4.3-6); esses homens esperavam o cumprimento do Evangelho como nós o fazemos, que olhando para o passado vemos sua realização em Cristo. É bem verdade que os crentes do Antigo Testamento não entendiam o Evangelho com a clareza que entendemos hoje, mas eles tinham fé na provisão da sua reconciliação com Deus e por isso alcançou a redenção d’Ele.
A lei e a graça de Deus são reveladas no Antigo Testamento, um não exclui o outro, mas se complementam entre si, na função de revelar a vontade de Deus. A salvação, tanto no Antigo Testamento como no Novo, é fruto de um Deus de misericórdia e não de esforços humanos, sempre se creu na provisão de um sacrifício como base para a salvação.
Mas afinal o que é a graça de Deus? É muito comum ouvirmos na igreja a seguinte definição: “Graça é o favor imerecido que Deus concede ao homem”. Esta definição é verdadeira, porém incompleta, pois ela descreve apenas a graça de Deus para como o homem, e enfatiza que sua graça salvadora é livre.
No sentido mais amplo da palavra, graça é um atributo divino, ele faz parte do caráter de Deus, demonstrada por Ele através da bondade para com o pecador que não merece o seu favor. Visto que a graça faz parte do caráter de Deus, Ele de modo espontâneo a concede à humanidade pecadora a fim de garantir-lhe o perdão dos pecados e a salvação.
A palavra graça também significa encanto ou beleza, principalmente um encanto ou beleza interior, que se evidencia em tudo que uma pessoa faz e diz. Assim, quando dizemos que Deus é gracioso, queremos dizer que ele é belo e encantador em tudo que ele é e em tudo que ele faz e que sua beleza brilha em todas as suas ações e palavras.
A Graça de Deus está presente no Antigo Testamento. Deus não concedeu Seu amor e graça a Israel por merecimento. Deus escolheu Israel para que fosse o seu povo através de um ato de legítima graça (Deuteronômio 7.6-9). A graça e a misericórdia foram manifestadas a nações inteiras; pela graça de Deus Nínive foi poupada da destruição quando demonstrou arrependimento de seu pecado com a pregação de Jonas.
No Novo Testamento a graça de Deus assume uma nova dimensão se tornando evidente ao ser humano nas palavras e obras de Jesus Cristo. A salvação de homens pecadores é a maior prova da graça de Deus, foi Ele mesmo que, em Sua bondade e graça, decidiu providenciar a salvação para o homem após a queda.
Deus não precisa de nós para ser gracioso? É inerente a Ele ser gracioso, e seria mesmo que não tivesse decidido salvar ninguém, mas Ele decidiu salvar, o que é algo esplendidamente maravilhoso e o motivo pelo qual deveríamos ser gratos constantemente.

6. CONCLUSÃO

Como fica então o aparente contraste entre a Lei e Graça? Como corrigir essa visão distorcida?
A relação lei e graça envolve diversos aspectos. Primeiramente, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua graça somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Nenhuma pessoa do Antigo testamento foi salva pela obediência à Lei, ainda que o Senhor requeresse deles, como também requer de nós, que sejamos obedientes.
Em segundo lugar, a lei opera para vida ou para a morte na aliança das obras e somente para a morte na aliança da graça. Na aliança das obras, pela obediência o homem poderia continuar vivo. Na aliança da graça a lei opera para condenação do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para a morte.
Por último, o crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências, nos traz a salvação e o privilegio de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que outorgou-lhe a salvação por seu sacrifico, mas ainda aqui o homem é favorecido, não salvo pela Lei, pois Cristo cumpriu a lei e declarou justificado aquele por quem ele morreu.
É um erro considerar que em primeiro lugar foi exposta a lei e depois a graça, visto que a graça de Deus tem se manifestado salvadora a todos os homens, desde os tempos eternos Cristo é Cordeiro de Deus, morto antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19 -20). A graça de Deus é antes da lei, manifestada para suprir a necessidade dos homens em todas as épocas. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa (Gálatas 3.17).
Concluo então com o que disse Smalling (2012 p. 7): A graça salvadora é um favor de Deus não merecido por nós. É soberana e depende exclusivamente da vontade de Deus.[...] A graça é oposta ao mérito. A graça é a causa única da salvação, portanto esta não se baseia em nenhuma contribuição humana.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFCAS

- VIRKLER, Henry. Hermenêutica Avançada: princípios e processos de Interpretação Bíblica. São Paulo. Editora vida, 2001.
- LUTERO, Martinho. Nascido Escravo. Editora Fiel, 2009.
- CARSON, D. A. et all. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2009.
- MEISTER, Mauro Fernnades. Lei e Graça: Uma Visão Reformada, disponível em  http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/Mauro, acesso 18/04/2012.
- PORTELA, F. Solano, Pena de Morte - Uma Avaliação Teológica e Confessional,
disponível em http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/aspectos_pena_morte_solano.htm  acesso em 07/04/2012.
PACKER, J. I. A Graça e a Lei, disponível em
http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm, acesso em 07/04/2012.
LEVY, David M. Glória da Graça de Deus. Disponível em
http://www.chamada.com.br/mensagens/gloriosa_graca.html, acesso em 29/05/2012.
SMALLING, Roger L. O que é a graça, disponível em
http://www.monergismo.com/textos/graca_irresistivel/o-que-e-graca_smalling.pdf, acesso em 29/05/2012.
- HANKO, Ronald. A Graça de Deus Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto. Disponível em http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_graceofGod.htm, acesso em 29/05/2012.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

SERMÃO DO MONTE: O MAIS EXCELENTE CÓDIGO DE ÉTICA


Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Curso: Superior em Teologia
Semestre: 2012.1
Disciplina: Vida de Cristo
Professor: Gildelânio da Silva
Aluna: Umbelina Rodrigues de Sousa



SERMÃO DO MONTE: O MAIS EXCELENTE CÓDIGO DE ÉTICA


1. INTRODUÇÃO

O Sermão do Monte é um longo discurso, ou vários sermões, proferido por Jesus Cristo registrado no Evangelho de Mateus, e apenas algumas partes no Evangelho de Lucas. Neste Sermão Jesus traz toda a mensagem do Evangelho e resume o que é indispensável para a prática da vida cristã; ele pode ser considerado como um resumo do que Jesus ensinou a respeito do Reino de Deus, do acesso a esse Reino e da transformação que esse Reino produz.
Além de princípios morais, grandes revelações são feitos, pois aquilo que muitas vezes é considerado desagradável pelas pessoas, para Deus, é o que realmente vai levar o homem à verdadeira felicidade. Muitos paradoxos são mostrados que vão de encontro a ideia de muitos, mostrando que "…Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração" (I Sm 16.7).
É importante considerar a opinião de Tasker (1980, p.47), sobre a nomenclatura “Sermão do Monte”:
 A expressão “sermão do monte” pela qual esta seção é geralmente conhecida é algo enganosa, desde que parece mais provável que nestes capítulos o evangelista não esteja registrando um discurso único, pronunciado de uma só vez, mas sim, reunindo e organizando pequenos grupos de ditos de Jesus sobre o discipulado, exarados em varias ocasiões em seu ministério. O fato de que muitos dos ditos aqui registrados são encontrados em diferentes contextos na narração de Lucas confirma esta conclusão. Tal confirmação vem também da opinião de que dificilmente qualquer mestre condensaria tanta instrução em um único sermão.

O Sermão pode ser dividido em três partes: a primeira começa com As Bem-Aventuranças, que mostram os preceitos ensinados no Novo Testamento em relação à vida nova no Espírito, mostra a influência positiva exercida pelos cristãos perante a sociedade e afirma que os ensinamentos de Cristo não vieram revogar os dez Mandamentos, pelo contrário eles se complementam entre si.
Na segunda parte, Jesus mostra a necessidade de viver a verdadeira integridade diferente da que era vivenciada pelos judeus, Ele nos incentiva a buscar com empenho a edificação espiritual, para isso, apresenta alguns exemplos: como deve ser a prática das orações e do jejum de forma que agradem a Deus, ensina a não sermos avarentos e a confiarmos em Deus.
Na terceira e última parte Jesus nos ensina a não julgar, a preservar o que é sagrado e a exercer constantemente a prática das boas ações; Ele ainda nos mostra a diferença entre o caminho largo e o caminho estreito, nos adverte contra os falsos profetas e esclarece como devemos nos fortalecer ao nos acharmos diante das dificuldades que certamente enfrentaremos.
  
2. A QUEM SE DESTINA O SERMÃO DO MONTE?

Há várias teorias acerca do Sermão do Monte. Para alguns ele é uma mensagem exclusiva do reino de Jesus. Outros o compreendem como um conjunto princípios morais relacionados ao reino do Messias. Ainda outros dizem que: uma fórmula para o sucesso mais improvável poderia dificilmente ter sido imaginada (Earnhart, 1997, p. 5).  Diante de tantas análises e conjecturas em torno do sermão, surgem as questões: O Sermão do Monte é um conjunto de normas e princípios de cunho ético e moral? É um regulamento do reino de Cristo? Basta praticar o que Jesus ensinou e o homem terá direito ao reino dos céus?
Sobre essa questão Earnhart registra (1997, p. 3)

George Bernard Shaw, certa vez, descreveu o Sermão da Montanha como "uma explosão impraticável de anarquismo e de sentimentalismo". O filósofo alemão Friedrich Nietzsche tratou-o ainda menos benignamente, quando escreveu que "a moralidade cristã é a mais maligna forma de toda a falsidade" (Ecce Homo). Em 1929, o humanista John Herman Randall estava disposto a reconhecer que Jesus era "verdadeiramente um grande gênio moral", mas ao mesmo tempo estranhava como um carpinteiro galileu pudesse ter enunciado a última palavra em ética humana (A Religião no Mundo Moderno). Pode-se dizer, com segurança, que o Sermão da Montanha é o mais conhecido, menos entendido e menos praticado de todos os ensinamentos de Jesus.

Earnhart afirma ainda (1997 p. 3):

A mente moderna, tanto religiosa como irreligiosa, tem tratado este sermão das maneiras mais variadas. O humanismo, na sua forma mais benevolente, viu-o como um código moral notável, mas experimental, totalmente separado da cruz ou de um Cristo divino. O liberalismo religioso o vê mais como um projeto para reconstrução social do que para conversão pessoal. Albert Schweitzer o explicava como uma ética especial, para uma época especial, baseada na crença equivocada de Jesus de que o fim de todos os tempos estava para acontecer.

Entretanto, sobre seu ensinamento Jesus Cristo declara: "O Céu e a terra passarão, mas as Minhas palavras não passarão." A verdade é que o Sermão do Monte nos apresentada a verdade que é perene e perfeitamente aplicável a todos os povos e às mais variadas culturas. Poderíamos chamar o Sermão do Monte de “O Mais Excelente Código de Ética”.
As condições de vida e os conceitos de moralidade das pessoas têm apresentado mudanças ao longo dos tempos, é o relativismo alcançando seu espaço na sociedade e se instalando, até mesmo no seio da igreja, mas, as Leis de Deus são imutáveis, seus valores são inegociáveis. Como cristãos, devemos lutar contra o relativismo propagando os princípios eternos ensinados no Sermão do Monte, e a partir daí determinar nossa conduta e prática de vida de acordo com essas leis. Para Earnhart (1997 p. 4).

O ponto de vista do Novo Testamento sobre o sermão é melhor entendido na introdução que lhe fez Mateus. O Sermão da Montanha é "o evangelho do reino" (Mt 4:23). Isto deveria servir para esclarecer duas coisas: Primeiro, que ele não é meramente a exposição da lei e, segundo, que suas bênçãos e princípios éticos não são atingíveis pelos não convertidos. Este é um sermão para os cidadãos do reino. A salvação, e não a reconstrução social é seu alvo e os homens de sabedoria mundana estão destinados a jamais entendê-lo.

O Sermão do Monte começa com uma mensagem de alegria a um povo oprimido e sem esperança. O povo esperava refrigério e segurança nesta vida, esperavam um Messias que os libertasse da escravidão política. Que mensagem Jesus transmitiu ao povo no sermão do monte? Sobre que alegria Jesus falou? Que esperança foi transmitida? A alegria prometida dependia do cumprimento de mais normas e regras? Passaremos então a discorrer sobre essa questão.

3. OS ASSUNTOS TRATADOS NO SERMÃO DO MONTE

3.1. As Bem-Aventuranças (Mateus 5.1-12)

O Sermão do Monte começa com as Bem-Aventuranças, oito declarações paradoxais. Os Mandamentos do Antigo Testamento apontam o que é proibido fazer e o faz com severidade, os do Novo Testamento, entretanto, mostram o que é necessário ser feito envolvendo as pessoas em amor, assim, as Bem-aventuranças proporciona o bem, convidando-nos a experimentar o mais sublime relacionamento com Deus.
É gratificante perceber que cada Bem-aventurança é iniciada com a expressão “Bem-aventurados”, que, segundo os dicionários on-line Priberam e Michaellis, significa respectivamente, “felicidade perfeita” e “O que tem a felicidade do Céu. Desde a queda do homem, as pessoas perderam a noção da verdadeira felicidade. Com o Sermão do Monte Jesus nos ensina como alcançar a tão sonhada felicidade, a qual muitos acham impossível de alcançá-la. A respeito desse fato comenta Earnhart (1997 p . 5):

O mundo todo, então como agora, estava em busca, diligentemente, da felicidade e tinha tampouco uma concepção de como obtê-la, como os homens de hoje. Não houve surpresa no anúncio de que havia verdadeira bem-aventurança no reino. O choque veio com o tipo de povo que estava destinado a obtê-la

Todo pecador, estando distante de Deus sofre em si mesmo, e pelo seu sofrimento tende a culpar a humanidade; ele está sempre em busca de algo que lhes satisfaçam o coração. O pecado colocou, em cada homem, um vazio, o qual ele busca preenchê-lo com todos os tipos coisas, sentimentos ou atitudes, mas tudo que o homem busca será incapaz de satisfazer sua necessidade essencial, deixando-o irrealizado e derrotado (Ec. 5:10-11).
Davi ao declarar "Minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água" (Sl. 63.1), expressou com maestria a necessidade que cada pessoa tem de Deus e, elas procuram e precisam de um relacionamento com Deus, através do perdão e da justificação (Rm. 5:1-2; 2 Co. 5:20-21) e de uma vida transformada (Rm. 6:8; 8:29). No Sermão do Monte Jesus trabalha muito bem essa questão (5:7 e 5:10, 20-48; 6:1). Deus além de nos perdoar, muda nossa vida, para que nos tornemos participantes da Sua natureza (2 Pe. 1:4) e sejamos como ele é (5:48).
Jesus Cristo nos oferece a verdadeira felicidade de forma acessível e, nos oferece não somente na vida futura nos Céus, mas também aqui mesmo enquanto estamos vivendo e convivendo neste mundo. Quando a pessoa se liberta do fardo do pecado, ganha paz em sua consciência e pelo Espírito Santo, recebe a inexplicável alegria que não pode ser comparada com nenhum prazer terreno.
Da mesma forma que a volta do apetite num doente indica que ele está se recuperando, o desejo para a retidão é o primeiro sinal de recuperação do pecador. Enquanto ele vive em pecado o homem tem sede de prosperidade e prazeres físicos.  Mas quando sua alma está livre do pecado então ele passa a desejar ardentemente a perfeição espiritual, o enriquecimento da alma.
As Bem-Aventuranças são um quadro composto daquilo que cada cidadão do reino deve ser; elas apontam a diferença radical entre o reino do céu e o mundo dos que não serve a Cristo. Elas não são para todas as pessoas. Para Earnhart (1997, p. 5):

As bem-aventuranças falam exclusivamente de qualidades espirituais. As preocupações históricas do homem, riqueza material, condição social e sabedoria secular, não recebem simplesmente pouca atenção, elas não recebem nenhuma. Jesus está claramente esboçando um reino que não é deste mundo (Jo 18:36), um reino cujas fronteiras não passam através de terras e cidades, mas através dos corações humanos (Lc 17:20-24).
Deve ser notado, ainda mais, que as qualidades do cidadão do reino não somente eram espirituais, mas são virtudes que o homem não receberia naturalmente.

As duas últimas bem-aventuranças falam que o mundo pecador não suporta a retidão e se rebela contra os que a evidenciam.  Assim como a luz dispersa a escuridão e mostra as coisas como elas são a vida do verdadeiro cristão denuncia o pecado que campeia na humanidade, por isso os pecadores odeiam os justos.  Em dias de provação os cristãos devem tomar o exemplo dos que já foram perseguidos e que não retrocederam e confortar-se com as palavras de Cristo: "Regozijai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus,". Conservar a lealdade para Deus mesmo diante das perseguições e da iminência de perder a vida por causa de Cristo se constitui a maior prova de amor a Deus.
O cristão sincero não pode esquecer os alicerces sobre os quais se ajustará o edifício da retidão: a humildade, a pureza de consciência e a modéstia. Os ensinamentos que se seguem no Sermão do Monte, podem ser considerados como o desenvolvimento dos princípios espirituais, trabalhados nas Bem-aventuranças.

3.2. O Sal e a Luz do Mundo (Mateus 5.13-16)

Ao final das bem-aventuranças com a advertência sobre as perseguições pela fé Cristo diz: "Vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo" (v 5), Jesus mostra como são queridos para Ele e quão necessários são ao mundo os verdadeiros cristãos.
No mundo antigo o sal era muito valioso e muitas vezes era usado como dinheiro e, na falta de refrigeração o sal era usado na conservação dos alimentos. O sal provoca diferença onde é posto; assim deve ser com os que seguem a Cristo, o cristão é tão diferente dos outros como o sal faz a diferença no alimento onde é colocado. Assim, como sal da terra, os discípulos de Cristo são chamados como um purificador, para proteger a sociedade da inversão de valores e da degeneração moral.
A palavra luz no sentido mais amplo se aplica a Jesus Cristo, Aquele que ilumina as pessoas. Os servos de Cristo refletem a Sua perfeição, assim, podem ser chamados de luz, pois a vida honrada, como uma vela no castiçal ou uma cidade no topo de uma montanha jamais passará despercebida e causará impacto benéfico na sociedade. O testemunho fiel dos cristãos denuncia o pecado e promove a propagação do Evangelho de Jesus. Assim, os cristãos não podem e não devem se esconder, mas viver em lugares onde o brilho da sua luz seja evidente, a fim de que a glória e louvor sejam dados somente àquele doou a luz. Sobre isso Earnhart, 1997 comenta:

Tão importante como é, para os cristãos, adorar a Deus de acordo com sua vontade, temos que nos lembrar de que os homens perdidos não serão levados a glorificar a Deus porque nós tomamos a ceia do Senhor cada domingo. Eles podem, na verdade, serem levados a exaltar a Deus pelo amor quieto com que suportamos uns aos outros (João 13:34-35), pelo nosso auto-controle quando enfrentamos grande provocação, pela nossa calma segurança em presença da tragédia, e nossa firme recusa a sermos arrastados para um mundo de insensatas concupiscências. Se ganhamos a vitória sobre um sistema mundano de orgulho e carnalidade (1 João 2:15-17; 5:4) isso certamente aparecerá e Deus, não nós mesmos, será glorificado.

O cristão que leva uma vida cristã genuína dando exemplo de honestidade, atitude espiritual e amor, será valorizado pelos que o rodeiam e o nome de Cristo será exaltado e sempre será útil à sociedade. Por outro lado, o cristão que se satisfaz com interesses do mundo material é motivo de tristeza e de escândalo. Esse tipo de cristão é comparado por Jesus com o sal que se tornou sem sabor e perdeu sua função e só serve para ser lançado fora e ser pisado (6.16).

3.4. As Medidas de Honestidade (Mateus 5:17-48).

Jesus compara os Seus ensinamentos com o ensino da religião judaica daquela época. Os judeus acostumados a ouvir discussões a respeito dos cerimoniais, talvez pensassem que Jesus estivesse pregando uma nova doutrina, diferente da Lei de Moisés, mas, Ele não ensina nada de novo, apenas desvenda o significado mais profundo dos mandamentos que o povo já conhece. A preocupação de Jesus ao proferir o Sermão do Monte não era com a lei, mas com as perversões que os fariseus faziam dela.
De acordo com o Novo Testamento, uma obediência superficial a todas as leis de Deus não é suficiente. Deus espera um coração sincero e cheio de amor. Jesus declarou: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogar, mas levá-los à perfeição" (5:17). Através de comparações Jesus mostra como se deve cumprir a Lei. Ele fala sobre os dez mandamentos proibindo o assassinato e o adultério, sobre a proibição estabelecida pela Lei de jurar, vingar-se e odiar os inimigos e mostra a superioridade do perfeito amor Cristão (5:22).
Segundo Tasker (1980, p. 47):

A “lei” prescrita por Jesus não é nenhum código de regras exteriores que possa ser seguido ao pé da letra, mas sim uma série de princípios, ideais e motivos para conduta, mais consentânea com a “lei” que Jeremias predisse o Senhor haveria de colocar na “mente” dos homens e lhas “inscrever no coração” quando estabelecesse um novo pacto com eles (ver Jeremias 31.33).

A lei do Antigo Testamento falava do amor, mas este era restrito aos membros da família e a pessoas próximas (Lv. 19-17-18). Os escribas maldosamente acrescentavam ao mandamento amar o próximo e odiar o inimigo, e, Jesus chama a atenção, dizendo que o amor ao próximo é tão elementar e tão fácil de ser praticado que até os pecadores são capazes para tanto.
Jesus chama a nossa atenção aos sentimentos maldosos, ira e ódio, que levam alguém a insultar, humilhar e até matar alguém. Chama a atenção para o pecado que está no coração das pessoas e aos desejos pecaminosos que devem ser rejeitados assim que aparecem, antes que tenham a oportunidade de dominar a mente e a vontade.
Jesus ao ordenar o perdão àqueles que nos ofenderam e proibindo a vingança não está ensinando que não devemos nos opor ao mal, ele nos proíbe de vingar nossas ofensas pessoais, mas a uma violação explícita das leis de Deus, que leva a tentação ao pecado, ele ordena que combatamos com firmeza (Mt. 18:15-17).
Jesus sabendo da dificuldade que temos em resistir às tentações, ele nos ensina a sermos implacáveis conosco mesmo: "Se o teu olho direito te leva ao pecado, arranca-o e atira-o longe de ti, porque é preferível que percas um dos teus membros, a ser todo o teu corpo atirado ao inferno" (5:29), ou seja, se alguma pessoa ou alguma coisa, mesmo que sejam tão valiosas quanto a visão ou as mãos, podem nos levar ao pecado então devemos nos desfazer dessas coisas ou rompermos com essa pessoa.
Sobre matrimonio e divórcio Jesus explica que o matrimonio cumpre um divino mistério no qual marido e mulher se tornam uma só carne: “o que Deus uniu o homem não separe!" (Mt 19:6); para Jesus, ninguém tem o poder de conceder divórcio. Uma vez que o juramento é dado, o matrimonio está efetivado e os cônjuges devem procurar meios de comunicar-se e de resolver as discórdias, sobrepondo-se a elas.
                             
3.5. O Espírito e o Mundo Exterior (Mateus 6:1-8; 16-18).

A lei de Moisés não deixou dúvida quanto ao cuidado de Deus pelos pobres; providências foram tomadas em relação as suas necessidades (veja Êx. 23.11 e Lv. 19.9-10). Deus leva tão a sério essa questão que pronunciou uma benção para os que se lembrassem dos pobres (Sl 41.1) e uma maldição para os que os ignorassem (Pv. 21.13), entretanto Jesus requer de nós que façamos o bem desinteressadamente, para agradar o Senhor e para ajudar os outros, e não para o nosso proveito ou honra.
Os religiosos da época agiam na prática de boas ações com o interesse de serem reconhecidos e isso os tornava hipócritas. Jesus alerta seus seguidores sobre a falsa devoção e chama-os para agradar a Deus de coração puro e mostra que, boas ações, feita em segredo, com o propósito de louvar a Deus, merece recompensa (veja Mt. 6.1). As obras por si só não salvam; é necessário ter um relacionamento genuíno com Jesus. No dia do julgamento, muitos exclamarão: “Senhor, Senhor!” e apelarão às suas ações. Cristo responderá: “Nunca vos conheci” (v. 23), (DOCKERY, p. 585).
O mandamento para evitar palavras vãs nos ensina a não ver a oração como uma formula mágica, cujo sucesso depende da quantidade de palavras. O poder da oração está na sinceridade e na fé, com as quais a pessoa se chega a Deus. Note que a mesma importância dada à oração e ao ato de dar esmolas, é dada ao jejum, o que significa que jejuar é necessário, uma prática que, infelizmente tem sido deixada de lado por muitos cristãos.

3.6. O Pai Nosso – A Oração Modelo (Mateus. 6:9-13).

Jesus dá um exemplo de oração para nos ensinar a não sermos supérfluos. Nessa oração Jesus mostra as preocupações mais importantes e as menos importantes a todo ser humano. Veja que todas as petições estão no plural, o que significa que devemos orar não somente por nós, mas por todos que tem uma relação conosco e também pela humanidade, Jesus nos ensina a não sermos egoístas.
Essa oração não é simplesmente uma fórmula para ser repetida. Se assim fosse, o Mestre não teria condenado as "vãs repetições" dos gentios, o seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. É uma oração que se destina àqueles que podem reconhecer a Deus como Pai, por intermédio de Jesus Cristo, pois só eles poderão orar assim.
Everson Barbosa faz um comentário interessante sobe a oração do Pai nosso, diz ele:

 

A oração do crente, sincera e completa em seu objetivo, traz em si os seguintes aspectos:

·      Reconhecimento da soberania divina - Pai nosso, que estás nos céus,
·      Reconhecimento da santidade divina - santificado seja o teu nome;
·      Reconhecimento da vinda do reino no presente e sua implantação no futuro - venha o teu reino;
·      Submissão sincera à vontade divina - faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
·      Reconhecimento que Deus supre as nossas necessidades pessoais - o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
·      Disposição de perdoar para receber perdão - e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
·      Proteção contra a tentação e as ações malignas - e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal,
·      Desprendimento para adorar a Deus em sua glória - pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!

A oração ensinada por Jesus nos orienta como viver e como nos achegarmos diante de Deus, confiando que ele é soberano, fará o que lhe apraz e tudo obedece à Sua onipotente vontade, pois, “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo seu propósito” (Rm. 8.28).

3.7. O Tesouro Eterno (Mateus 6:19-24).

Aqui, Jesus Cristo nos alerta sobre a excessiva ligação aos bens materiais. Ele nos diz: Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. (6.19-20). Obviamente que essas palavras não se aplicam ao trabalho que permite a provisão de cada dia. Jesus não está nos chamando ao ócio, pois o apóstolo Paulo mesmo disse: “Se alguém não quer trabalhar também não coma” (II Ts 3.10).
Jesus proíbe as pessoas de se empenhar em um esforço excessivo com o objetivo de enriquecimento e nos adverte que os bens materiais são passageiros; eles são destruídos; são roubados por ladrões; e, ao morrermos nada levaremos. Por isso, no lugar de empenharmos nossa energia para acumular fortuna que perece, devemos buscar riquezas dentro de nós, que tem real valor e que permanecerão para sempre, pois, assim como um tesouro espiritual ilumina a alma de uma pessoa, as preocupações exacerbadas sobre prazeres efêmeros encobrem a mente e enfraquecem a fé.
Jesus comparou a mente da pessoa com o olho, que deveria funcionar como um condutor de luz espiritual (6:22). Assim como um problema na vista diminui a capacidade de enxergar, a alma também, imersa em preocupações mundanas e apegada à fortuna não pode receber a luz espiritual e, não compreende o real propósito da vida.
A paixão pela riqueza, porém, não é pecado somente dos ricos, mas de todos os que costumam sonhar com a riqueza e a relacionam com a felicidade. Jesus nos ensina que tudo o que precisamos na vida recebemos, não necessariamente pelo nosso trabalho, mas pela graça de Deus, que sendo um Pai amoroso sempre cuida de seus filhos (6:25-33). Nossa vida e tudo que nos rodeia são dádivas dadas a nós pelo nosso amoroso Criador. 
 Nessa parte do Sermão Jesus nos ensina a estarmos contentes com o que temos e, a nos preocuparmos primeiramente com a riqueza espiritual e a vida eterna, pois ele mesmo nos promete: Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (6.33).

3.8. O Pecado de Julgar os Outros (Mateus 7:1-5).

Uma pessoa que deseja viver uma vida cristã sincera não pode se deixar levar por maus pensamentos e vontades pecaminosas. Um verdadeiro cristão sempre se considera um pecador, aflige-se com suas próprias imperfeições e pede a Deus para perdoar seus pecados e ajudá-lo a melhorar ao invés de julgar as pessoas.
Pessoas que tem conhecimento superficial da Palavra de Deus, que não vivem uma vida cristã sincera tendem a enxergar erros dos outros com facilidade e tem prazer em julgá-los, e ainda pior, em sua cegueira espiritual acha que está ensinando os outros, para esses diz Jesus: "como é que dizes a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco de teu olho, quando existe uma trave no teu?". Essa cegueira espiritual tomou conta dos líderes judeus; julgando todos sem piedade se consideravam justos e encontraram deficiências até no próprio Cristo e julgando-o pela violação do sábado e por partilhar uma refeição com os pecadores!
O apóstolo Tiago nos diz que somente Deus pode julgar; ele é o Legislador e Juiz por excelência. Uma pessoa que julga o seu semelhante, se apossa do direito de julgar que é de Deus e peca gravemente (Tg 4:11). Jesus diz que quanto mais severamente julgarmos os outros, mais severamente seremos julgados por Deus.
Ao proibir-nos de julgar, Jesus não está encorajando a indiferença em relação ao mal que acontece ao nosso redor, permitindo práticas pecaminosas que desagradam a Deus. Jesus nos previne sobre dois extremos: o de ser indiferente ao mal e o de julgar os outros.

3.9. Perseverar e Confiar em Deus (Mateus 7:7-14).

Nesse trecho do Sermão do Monte Jesus fala sobre a perseverança na oração e nas boas ações. Um fato interessante é que Lucas citando as palavras do Salvador sobre a perseverança na oração, ao invés de “coisas boas” ele usa a expressão “Espírito Santo” (Lc. 11.13). Sem dúvida, o Espírito Santo é a fonte de tudo que é de mais valioso: consciência limpa, fé poderosa, compreensão do propósito de vida, paz espiritual e a santidade, o maior tesouro da alma. Com relação aos benefícios materiais podemos pedi-los a Deus, mas devemos lembrar que são coisas secundárias. Jesus nos ensina que devemos pedir coisas que nos levarão ao crescimento espiritual e não coisas fáceis de alcançar e que nos dá prazer (veja Mt. 7:13).
Jesus também nos dá um mandamento importante que resume toda a essência das relações humanas: "Portanto tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei o mesmo também vós a eles: nisso está a lei e os Profetas" (7:12). Assim, Jesus nos ensina a escolher o caminho estreito e, fazer o bem a todos, e com perseverança buscar a ajuda, o entendimento e os dons espirituais que vem de Deus. A famosa regra áurea (7.12) leva o corpo da mensagem de Jesus ao ápice e resume a ética que subjaz a tudo (DOCKERY, p. 584)

3.10. Sobre os Falsos Profetas (Mateus 7:15-23).

O Senhor nos adverte sobre os falsos profetas, comparando-os com lobos disfarçados de ovelhas. Os cães e os porcos sobre os quais o Senhor falou não são tão perigosos quanto os falsos profetas. Os falsos profetas disfarçam mentiras mostrando como verdades e chamam suas próprias regras como lei de Deus.
Comparados com os falsos profetas, as virtudes dos verdadeiros profetas eram evidentes, estes obedeciam a Deus e sem temer apontavam o pecado do povo; se destacavam por sua atitude rigorosa, em relação a si próprio e aos outros, seu propósito de vida era encaminhar o povo ao Reino de Deus e, suas atividades causavam impacto e mudança na sociedade. Os falsos profetas tinham uma forma de agir totalmente oposta, bajulavam o povo, assegurando seu sucesso na maioria da população e a graça das autoridades poderosas. Eles acalentavam o povo com promessas de prosperidade que levava a decadência moral da sociedade.
Muitos falsos profetas apareceram em tempos de declínio espiritual, quando Deus enviou os verdadeiros profetas para encaminhar os judeus ao verdadeiro caminho. Seitas e grupos heréticos surgem como resultado da atividade de falsos profetas.  Todos os grupos heréticos desaparecem mais cedo ou mais tarde e outros mais surgem, mas somente a verdadeira Igreja de Cristo triunfará: "Toda planta que meu Pai celeste não tiver plantado será arrancada" (Jo. 15:13).
Jesus os discípulos contra os falsos profetas e ensina-os a não confiar em sua aparência agradável e na sua eloquência, mas, observar o resultado de suas atividades: "A árvore boa não pode produzir maus frutos”. Um falso profeta não consegue esconder o orgulho de um verdadeiro cristão, pois ele pode ser percebido nas suas palavras, gestos e olhares como os dentes do lobo escondidos sob a pele de uma ovelha. Assim, os falsos profetas enfraquecem a Igreja, roubando-lhes ovelhas descuidadas. Mas os fiéis não devem se intimidar diante desse fato, pois o Senhor prefere aqueles que preservam a verdade a uma multidão desorientada.

3.11. Como resistir as Provações (Mateus 7:24-29)

O Senhor conclui o Sermão do Monte comparando a vida com a construção da casa. Ele mostra como uma vida virtuosa ajuda as pessoas a suportar as inevitáveis provações da vida enquanto que uma vida descuidada enfraquece a força espiritual e torna as pessoas passíveis de caírem em tentação. Profissão de fé sem a consequente mudança no modo de viver é vazia.
Várias tempestades são inevitáveis na vida de uma pessoa. As exteriores podem ser incêndios, guerras, perseguição, doenças incuráveis, morte de ente querido e outros que acontecem inesperadamente e alteram a vida de uma pessoa. As tempestades interiores que podem ser mais perigosas que as exteriores, também são inevitáveis, por exemplo: paixões furiosas, grandes tentações, dúvidas sobre assuntos de fé, ataques de raiva, inveja, etc. Em tais condições, a queda se manifestará render-se à tentação, em perda de fé, desespero e queixa contra Deus.
 Nenhuma construção edificada na areia suportará a pressão e ruirá, somente as pessoas que estão em Cristo poderão ser calmas e felizes em meio a inconstância. Pessoas que vivem em obediência às leis de Cristo, fincados numa rocha sólida e protegidos das tempestades. Com fé e amor a Deus elas não temem, pois sabem que o Senhor não permitirá que seja testado além do que podem suportar (1 Co. 10:13). Sobre isso o escritor dos Provérbios escreveu: "Passa a tormenta: o mal desaparece, mas o justo permanece firme para sempre" (Pv. 10:25).
  
CONCLUSÃO

Em Seu Sermão do Monte, Jesus nos dá instruções sobre como se tornar justo e construirmos dentro de cada um de nós a casa da perfeição espiritual onde habitará o Espírito Santo. Resumindo os conselhos de Deus, o Salvador nos ensina como colocar a Sua vontade em primeiro lugar, como a direcionar nossas atitudes à gloria de Deus e a ter a confiança de que Ele nos ama e sempre se preocupa conosco.
Com relação ao nosso semelhante Jesus ensina que devemos perdoar os nossos ofensores, sermos misericordiosos, compassivos procurando a paz, tratar os outros como gostaríamos de ser tratados e amá-los, inclusive nossos inimigos, não nos vingarmos e não condenarmos ninguém, mas ao mesmo tempo nos prevenirmos de "cães," especialmente os falsos profetas.
Com relação às nossas aspirações interiores, Jesus nos ensina a sermos humildes, evitar a hipocrisia, desenvolver boas qualidades, desenvolvermos a retidão, sermos constantes em boas ações, pacientes e corajosos, cultivarmos a pureza e aceitar sofrimentos por Cristo e Sua Verdade com alegria. Todo o esforço espiritual de um homem não é inútil: esse esforço torna-o firme e forte durante as tempestades da vida e prepara para ele o eterno galardão no céu.
Assim, no Sermão do Monte Jesus incentiva aos cristãos ao desenvolvimento da maior das virtudes: "Portanto, sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mt. 5:48). O maior objetivo do Cristão deve ser se tornar parecido com Deus, mas sempre com a convicção de que ele aproxima da perfeição não pelo seu próprio esforço, mas pela graça do Espírito Santo.
Há apenas duas respostas possíveis à pregação de Jesus: Obediência ou rejeição. O caminho estreito oposto ao largo (v. 13,14), o fruto bom oposto ao ruim (v. 15-23) e o construtor sábio oposto ao tolo (v. 24-27) ilustram essa advertência de três maneiras paralelas (DOCKERY, p. 585).
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- EARNHART, Paul. O Sermão do Monte - Extraindo Tesouros das Escrituras: Exposições Práticas.
- TASKER. R. V. G., Mateus: Introdução e Comentário. Serie Cultura Bíblica. Editora Vida Nova. São Paulo. 1998.
- CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2009.
- DOCKERY, Davd S. Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo, Editora Vida Nova, 2001.
- BARBOSA, Ewerson. O que é Oração? Como devo Orar? Disponível em http://estudos.gospelmais.com.br/afinal-o-que-e-oracao-como-devo-orar.html, acesso em 22/05/2012.