Seminário
Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Curso: Superior em Teologia
Semestre:
2012.1
Disciplina:
Análise
de Romanos
Professor:
Gildelânio
da Silva
Aluna:
Umbelina
Rodrigues de Sousa
LEI E GRAÇA: OPOSTOS ENTRE SI?
1. INTRODUÇÃO
Sempre
que se pede para alguém definir a relação entre a lei e a graça, quase que
involuntariamente, a resposta tem sido a seguinte: Lei é do Antigo
Testamento e Graça é do Novo
Testamento. Essa atitude tem sido uma prática muito comum ainda hoje. Com base
nesse pensamento, muitos se perguntam: Estamos vivendo sob a lei ou sob a graça?
Esse
questionamento denota um entendimento equívoco das verdades bíblicas acerca desse
assunto, que se dá devido a estudos realizados de forma apressada e sem
profundidade. Uma leitura isolada, fora do contexto, de textos bíblicos que
tratam do assunto em pauta certamente levará o leitor a entender lei e graça
como conceitos opostos entre si.
A falta
de conhecimento leva-nos muitas vezes a defender heresias; uma delas, referente
ao assunto em questão, é o antinomismo - a negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei não exerce
nenhuma influência sobre o cristão, o seu coração torna-se o seu guia e a lei é
dispensável. O oposto dessa posição é o neonomismo - a disposição de ressaltar a lei em detrimento da graça, também muito
conhecida como legalismo. Aqui, o objetivo da obediência é agradar a Deus para conseguir
mérito diante d’Ele e não um fruto da sua graça e do seu amor em nossas vidas.
Contra essa ideia lutou a Reforma Protestante enfatizando a sola gratia,
um dos cinco pilares na defesa ao Cristianismo.
Sobre
isso Mauro Meister (1999, p. 1) registra:
No século XIV, os católicos
acusavam os reformadores de antinomistas de serem contrários à lei de Deus. Até
mesmo o grande reformador matinho Lutero expressou sua preocupação quanto a
alguns de seus seguidores que, em seu zelo de proclamar a graça por tanto tempo
desprezada pela igreja, acabavam por desprezar a lei.
O legalismo, abordado por Paulo, em alguma de suas
cartas diminui a graça de Deus, pois prega a busca da salvação por meio da
prática religiosa e das obras da lei, fazendo-as participantes de nossa
aceitação diante de Deus, justamente com os méritos de Cristo. Paulo insistia
contra isso e ensinava que a salvação se dá somente pela graça, em Cristo,
através da fé (Efésios 2.8-9). Associar boas obras ao que Cristo fez, para
obter o favor de Deus, invalida a graça, diminui o sacrifício e a pessoa de
Cristo e nos afasta da vida eterna.
Do outro lado, o maior erro do antinomismo é transformar
“em libertinagem a graça de nosso Deus”
(Judas 4). Enquanto o legalista exalta a lei a ponto de excluir a graça, o
antinomiano é deslumbrado pela graça e renega a lei, como uma regra de vida e,
argumenta: visto que já libertos da lei (Romanos 7:6) e não estando mais debaixo
dela, e sim, da graça (Romanos 6:15), não importa que tipo de vida os crentes levem
pois eles já receberam o perdão permanente de Deus.
O que
pensamos sobre essa relação entre a lei e a graça vai definir o modo como
enxergamos a vida cristã e, que tipo de ética assumiremos em nossa vida prática.
Ao escrever este texto pretendo mostrar que, mesmo no Antigo Testamento, com o
cumprimento da lei e dos rituais instituídos por Deus, a Sua Graça se
manifestava e os homens foram salvos por ela somente, através da fé, mas isso
não exclui de modo nenhum as leis dadas por Deus para que as cumpramos, assim,
procuremos entender o papel da lei em nossas vidas e a benção de obedecê-la desfrutando
da Graça de Deus.
2. A FUNÇÃO DA LEI
Antes de
verificarmos a função da lei em nossas vidas, vamos passear um pouco pela Teoria
das Alianças trabalhada pela Confissão de Fé de Westminster para explicar a
maneira que Deus adotou para se relacionar com as pessoas. Essa teoria divide a
aliança de Deus com o homem em duas, Aliança das Obras e Aliança da Graça, assim,
comecemos por esclarecer essas alianças e qual o conceito de lei nelas
envolvido.
A Aliança
das Obras é o pacto existente antes da queda. Adão e Eva viviam originalmente
debaixo desse pacto e dependiam da obediência à lei dada por Deus em Gênesis
2.17: não comer da árvore do conhecimento
do bem e do mal. Adão e Eva desobedeceram e, como consequência, receberam a
morte, maldição da Aliança das Obras. A Aliança da Graça é a manifestação misericordiosa
de Deus, aplicando Jesus Cristo à maldição da primeira aliança, através do seu
sacrifício vicário, fazendo com que parte da sua criação, antes representada em
Adão, e agora representada por Cristo, fosse redimida.
Sobre a
teoria das alianças Virkler (2001, p.99) afirma:
Outra teoria que
enfoca a continuidade antes da descontinuidade na história da salvação é a das
alianças do pacto. Os teólogos das alianças veem toda a história bíblica
coberta por duas alianças, uma das obras até a queda uma da graça desde a queda
até o presente. A aliança das obras é o acordo de Deus com Adão, que pela
obediência recebia vida e pela desobediência a morte. A aliança da Graça é o
acordo de Deus com o pecador, este recebe vida pela fé e promete uma vida de fé
e obediência.
Algumas
acusações são feitas a esta teoria, uma delas é que ela considera o Antigo e o
Novo Testamento sob a aliança da graça apenas, mesmo com os diversos versículos
que indicam a presença de duas alianças. Outra acusação é que a teoria das
alianças chega muito próximo da ideia dispensacionalista, visto que o Antigo
testamento faz menção a várias alianças. Mas, os que a defendem reúnem todas as
alianças do Antigo Testamento sob o título mais geral de Aliança da Graça, para
eles a próxima aliança vem para apresentar mais detalhes da Aliança da Graça, visto
que as pessoas foram chamadas, justificadas e aceitas na família de Deus pela
graça a partir da queda.
Devemos
observar que a lei, antes da queda, não se resume à ordem de não comer do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal. Observe os que verbos no imperativo que
aparecem nas expressões: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e
dominai-a em Gênesis 1.28 indicam ordens, ou seja, leis dadas por Deus para
Adão e Eva cumprirem. O relacionamento de Adão com o Criador estava ligado à
obediência, mas não só isso, o relacionamento deveria ser de maneira tal que nele,
Deus fosse glorificado e ele mesmo tivesse alegria em servi-lo.
Para que
o seu relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem deveria ser obediente
cumprindo o propósito para o qual foi criado. O ser humano, desde o princípio,
conheceu os propósitos de Deus através da lei, ao desobedecê-la tornou-se réu da
mesma o qual recebeu a morte por castigo, ou seja, a separação, o
relacionamento foi quebrado.
O que
acontece com a lei depois da queda e da desobediência? Ela tem o mesmo papel?
Ela possui diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar a sua lei ao
ser humano caído?
3. o que é a lei de deus?
A
revelação da lei de Deus que demonstra a sua vontade encontra-se registrada nas
páginas na Bíblia. Essa lei foi revelada e registrada ao longo do tempo e
possui diferentes áreas de atuação. Assim, é importante observar o contexto em
que cada lei é dada, a quem é dada e qual o seu objetivo, só assim poderemos
entender o conceito de lei.
A lei,
apresentada na Bíblia, é dividida por muitos estudiosos em três aspectos, quais
sejam: lei moral, lei civil e lei cerimonial. Cada uma tem uma função e um
tempo para sua aplicação, ou seja, a Lei Civil representa a legislação
dada à nação de Israel e define os crimes contra a propriedade e suas
respectivas punições; a Lei Cerimonial representa a legislação levítica
do Velho Testamento ela ordena os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial e
a Lei Moral representa a
vontade de Deus para o ser humano ditando seu comportamento e principais
deveres.
Sobre a
aplicabilidade da lei Solano Portela (1993) afirma
Quanto à aplicação da Lei,
devemos exercitar a seguinte compreensão: A Lei Civil tinha a
finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como
tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. A Lei Religiosa tinha
a finalidade de transmitir aos homens a santidade de Deus e apontar para o
Messias, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua
vinda. A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao
homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir
entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável
em todas as épocas e ocasiões.
É de suma
importância que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que tipo de lei
o texto se refere e identificar a sua aplicabilidade em nossos dias. As leis
civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o povo de Deus hoje,
ainda que tenham função de ensinar princípios gerais sobre a justiça de Deus. Mas,
a lei moral de Deus permanece válida em nossa e em todas as épocas. Ela valeu
para Adão assim como vale para nós hoje. Assim, voltemos à questão levantada
anteriormente e tentemos buscar a resposta.
4. ESTAMOS SOB A LEI OU SOB A GRAÇA DE DEUS?
Interpretações
errôneas podem levar a um entendimento falho dos textos bíblicos de que “não estamos debaixo da lei, e sim da graça”
(Romanos 6.14). Se entendermos que os três aspectos da lei de Deus vistos
anteriormente são distinções bíblicas, de acordo com Solano Portela (1993) podemos
concluir que:
Não estamos sob a Lei Civil de
Israel, mas sob
o período da graça de Deus, em que o evangelho atinge a todos os povos. Não
estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias,
cumprida em Cristo, e não nos obriga à nenhum de seus rituais, uma vez que
estamos sob a graça do Evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo
seu Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes. Não estamos sob a
condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos
achamos cobertos por sua graça. Olhando através desses pontos de vista de fato,
não estamos, portanto, sob o domínio da lei, mas sob a graça de Deus. Entretanto,
Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua
representando nossos deveres diante de Deus e do nosso semelhante. Estamos
sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela representa o caminho traçado
por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossas
vidas (João 14.15). a Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça
representando a revelação objetiva e proposicional de sua vontade.
A afirmação de Paulo de que o Cristão não está
“debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos. 6.14) poderia implicar que não há
mais regras às quais o cristão deva obedecer, e nenhuma pena para qualquer
pecado que ele cometer. A resposta de Paulo é semelhante ao seu ensino nos
versos 3-11: o pecado habitual manifesta um estado de escravidão (v. 16), um
estado do qual todo cristão foi liberto (Romanos. 6.17,18).
Paulo mostra que os cristãos, libertos da lei
mosaica, estão, mesmo assim, vinculados por um código de autoridade, regras de
conduta semelhantes em alguns aspectos à da lei mosaica. Ser livre do pecado,
segundo Paulo, não significa que os cristãos são autônomos, que vivam sem
mestre ou sem qualquer obrigação, ou seja, significa uma nova escravidão, mas
desta vez à justiça (Romanos 6.18,19) e a Deus (Romanos 6.22).
Falando sobre isso Virkler (2001 p.95,98) registra:
Lutero
acreditava que para uma adequada compreensão da Bíblia devemos distinguir com
cuidado entre duas verdades paralelas e sempre presentes: a Lei e o Evangelho. [...]
Ambos os aspectos da natureza de Deus existem lado a lado, tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento. A lei reflete a santidade do caráter de Deus. A
graça é a resposta divina ao fato de que o homem nunca pode satisfazer ao
padrão de santidade exigido pelo Senhor. Para os teólogos luteranos a Lei e o
evangelho revelam dois aspectos integrantes da personalidade de Deus: sua
santidade e sua graça. Assim eles veem a lei e o Evangelho como partes
inseparáveis da história da salvação, desde o relato do pecado da Adão e Eva
até o encerramento do milênio. [...] A posição luterana acentua com vigor a
continuidade. Deus continua a responder ao homem com a Lei e com a Graça como
tem feito desde o começo da história humana. A Lei e Graça são duas épocas
diferentes no trato de Deus com os homens mas partes integrantes de todo o seu relacionamento.
Assim, o
papel da lei é reprimir os transgressores para evitar que o mal se expanda
perante a sociedade. A lei serve também como um mediador, um condutor a Cristo,
segundo as palavras de Paulo em Gálatas 3.24: “... de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo,
a fim de que fôssemos justificados por fé”.
Deus
expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente e o
crente procurando melhor servir ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua
vontade através da lei que foi dada. Para o nascido de novo, que conheceu a
graça de Cristo, a lei é prazer, produz respeito, restaura a alma e lhe dá
sabedoria; embora, ele seja conduzido pelo Espírito Santo, vivendo e dependendo
tão somente da sua graça, a “lei é o
melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza
maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na
compreensão.” (As Institutas, 2.7.10, apud Meister,
1999 p.7).
O que
seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como ele conheceria a vontade de
Deus? Ele seria um perdido, buscando respostas em seu próprio coração, na
igreja e/ou na autoridade de alguém que considerasse superior. Mas o crente tem
a lei de Deus, que expressa claramente qual é o desejo do Criador para a
criatura, qual o desejo do Pai para seus filhos.
Mas essa
visão da lei não nos traz de volta ao legalismo? Estamos então novamente
debaixo da lei? Certamente que não. Para bem entendermos a lei na Aliança da Graça,
precisamos entender também como se dá a relação de Cristo com a Lei.
De acordo
com em Mateus 5.17-19 aprendemos que Jesus veio cumprir a lei e não revogá-la -
Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a morte e Ele não
só cumpriu a lei perfeitamente, mas também a interpretou de forma perfeita,
permitindo aos salvos por Ele, entendê-la de forma completa. A justificação que estava associada à lei agora pertence plenamente
a Cristo.
Os ensinamentos éticos de Jesus não representam uma separação
radical da lei, eles são uma extensão natural dos dois maiores mandamentos que
são primeiramente encontrados na lei: "Amarás, pois, o Senhor teu Deus com
todo o teu coração" (Deuteronômio 6:5) e "amarás o teu próximo como a
ti mesmo" (Levítico 19:18). A grande diferença entre a lei e o evangelho
não se encontra em suas respectivas exigências éticas, mas na morte sacrifical Jesus
Cristo.
Paulo
ensina que a verdadeira liberdade só pode ser obtida em um relacionamento com o
Deus que nos criou. Por meio do nosso relacionamento com Cristo em sua morte,
nós cristãos morremos para a lei, isto é fomos libertados de seu domínio (Romanos
6.2). Portanto, nossa obediência à lei
não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem
Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e
vida para o verdadeiro cristão (Romanos 6.17).
5. CONCEITO DE GRAÇA
Para
alguns a lei e a graça são conceitos que revelam aspectos opostos acerca de
Deus, enquanto que a lei no Antigo Testamento mostra sua severidade, a graça
revela seu amor no Novo Testamento; no entanto, podemos perceber que a graça e
o evangelho de Deus aparecem no Antigo Testamento também. Pois este foi pregado
a Moisés (Hebreus 4.1-2), a Abraão (Gálatas 38-9), dentre outros. Paulo nos
diz, em outra de suas cartas, que Abraão e Davi foram exemplo de homens
justificados pela fé (Romanos 4.3-6); esses homens esperavam o cumprimento do
Evangelho como nós o fazemos, que olhando para o passado vemos sua realização
em Cristo. É bem verdade que os crentes do Antigo Testamento não entendiam o
Evangelho com a clareza que entendemos hoje, mas eles tinham fé na provisão da
sua reconciliação com Deus e por isso alcançou a redenção d’Ele.
A
lei e a graça de Deus são reveladas no Antigo Testamento, um não exclui o
outro, mas se complementam entre si, na função de revelar a vontade de Deus. A
salvação, tanto no Antigo Testamento como no Novo, é fruto de um Deus de
misericórdia e não de esforços humanos, sempre se creu na provisão de um
sacrifício como base para a salvação.
Mas afinal o que é a graça de Deus? É muito
comum ouvirmos na igreja a seguinte definição: “Graça é o favor imerecido que Deus concede ao homem”. Esta definição
é verdadeira, porém incompleta, pois ela descreve apenas a graça de Deus para
como o homem, e enfatiza que sua graça salvadora é livre.
No sentido mais amplo da palavra, graça é um
atributo divino, ele faz parte do caráter de Deus, demonstrada por Ele através
da bondade para com o pecador que não merece o seu favor. Visto que a graça faz
parte do caráter de Deus, Ele de modo espontâneo a concede à humanidade
pecadora a fim de garantir-lhe o perdão dos pecados e a salvação.
A palavra graça também significa encanto ou beleza, principalmente
um encanto ou beleza interior, que se evidencia em tudo que uma pessoa faz e
diz. Assim, quando dizemos que Deus é gracioso, queremos dizer que ele é belo e
encantador em tudo que ele é e em tudo que ele faz e que sua beleza brilha em
todas as suas ações e palavras.
A Graça de Deus está presente no Antigo
Testamento. Deus não concedeu Seu amor e graça a Israel por merecimento. Deus
escolheu Israel para que fosse o seu povo através de um ato de legítima graça
(Deuteronômio 7.6-9). A graça e a misericórdia foram manifestadas a nações
inteiras; pela graça de Deus Nínive foi poupada da destruição quando demonstrou
arrependimento de seu pecado com a pregação de Jonas.
No Novo Testamento a graça de Deus assume
uma nova dimensão se tornando evidente ao ser humano nas palavras e obras de
Jesus Cristo. A salvação de homens pecadores é a maior prova da graça de Deus,
foi Ele mesmo que, em Sua bondade e graça, decidiu providenciar a salvação para
o homem após a queda.
Deus não precisa de nós para ser gracioso? É
inerente a Ele ser gracioso, e seria mesmo que não tivesse decidido salvar
ninguém, mas Ele decidiu salvar, o que é algo esplendidamente maravilhoso e o
motivo pelo qual deveríamos ser gratos constantemente.
6. CONCLUSÃO
Como fica
então o aparente contraste entre a Lei e Graça? Como corrigir essa visão
distorcida?
A relação
lei e graça envolve diversos aspectos. Primeiramente, encontramos tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua graça
somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Nenhuma pessoa do
Antigo testamento foi salva pela obediência à Lei, ainda que o Senhor
requeresse deles, como também requer de nós, que sejamos obedientes.
Em
segundo lugar, a lei opera para vida ou para a morte na aliança das obras e
somente para a morte na aliança da graça. Na aliança das obras, pela obediência
o homem poderia continuar vivo. Na aliança da graça a lei opera para condenação
do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a
lei e ela lhe serve para a morte.
Por
último, o crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de
Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências,
nos traz a salvação e o privilegio de conhecermos a vontade de Deus pela sua
lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que
outorgou-lhe a salvação por seu sacrifico, mas ainda aqui o homem é favorecido,
não salvo pela Lei, pois Cristo cumpriu a lei e declarou justificado aquele por
quem ele morreu.
É um erro considerar que em primeiro lugar
foi exposta a lei e depois a graça, visto que a graça de Deus tem se
manifestado salvadora a todos os homens, desde os tempos eternos Cristo é
Cordeiro de Deus, morto antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19 -20). A graça de Deus é antes
da lei, manifestada para suprir a necessidade dos homens em todas as épocas. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança
anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e
trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa (Gálatas 3.17).
Concluo então com o que disse Smalling (2012
p. 7): A graça salvadora é um favor de
Deus não merecido por nós. É soberana e depende exclusivamente da vontade de
Deus.[...] A graça é oposta ao mérito. A graça é a causa única da salvação,
portanto esta não se baseia em nenhuma contribuição humana.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFCAS
- VIRKLER, Henry. Hermenêutica
Avançada: princípios e processos de Interpretação Bíblica. São Paulo.
Editora vida, 2001.
- LUTERO, Martinho. Nascido
Escravo. Editora Fiel, 2009.
- CARSON, D. A. et all. Comentário
Bíblico Vida Nova. Editora
Vida Nova. 1ª edição, 2009.
- MEISTER, Mauro Fernnades. Lei e Graça: Uma Visão Reformada, disponível em http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/Mauro,
acesso 18/04/2012.
- PORTELA, F. Solano, Pena de Morte - Uma Avaliação Teológica e
Confessional,
disponível
em http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/aspectos_pena_morte_solano.htm
acesso em 07/04/2012.
- PACKER, J. I. A Graça e a Lei, disponível em
http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm,
acesso em 07/04/2012.
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http://www.chamada.com.br/mensagens/gloriosa_graca.html,
acesso em 29/05/2012.
- SMALLING,
Roger L. O que é a graça, disponível
em
http://www.monergismo.com/textos/graca_irresistivel/o-que-e-graca_smalling.pdf,
acesso em 29/05/2012.
- HANKO, Ronald. A Graça de Deus Tradução: Felipe Sabino de Araújo
Neto. Disponível em http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_graceofGod.htm,
acesso em 29/05/2012.
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