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“Assim como as paixões, violentas ou não, jamais devem ser expressas de forma a produzir asco, a música ainda que nas situações mais terríveis, nunca deve ofender o ouvido, mas agradar; continuar a ser música enfim” (Wolfgang Amadeus Mozart).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

LEI E GRAÇA: OPOSTO ENTRE SI?

Seminário Teológico do Betel Brasileiro e Ação Evangélica
Curso: Superior em Teologia
Semestre: 2012.1
Disciplina: Análise de Romanos
Professor: Gildelânio da Silva
Aluna: Umbelina Rodrigues de Sousa


  
 LEI E GRAÇA: OPOSTOS ENTRE SI?

1. INTRODUÇÃO

Sempre que se pede para alguém definir a relação entre a lei e a graça, quase que involuntariamente, a resposta tem sido a seguinte: Lei é do Antigo Testamento e Graça é do Novo Testamento. Essa atitude tem sido uma prática muito comum ainda hoje. Com base nesse pensamento, muitos se perguntam: Estamos vivendo sob a lei ou sob a graça?
Esse questionamento denota um entendimento equívoco das verdades bíblicas acerca desse assunto, que se dá devido a estudos realizados de forma apressada e sem profundidade. Uma leitura isolada, fora do contexto, de textos bíblicos que tratam do assunto em pauta certamente levará o leitor a entender lei e graça como conceitos opostos entre si.
A falta de conhecimento leva-nos muitas vezes a defender heresias; uma delas, referente ao assunto em questão, é o antinomismo - a negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei não exerce nenhuma influência sobre o cristão, o seu coração torna-se o seu guia e a lei é dispensável. O oposto dessa posição é o neonomismo - a disposição de ressaltar a lei em detrimento da graça, também muito conhecida como legalismo. Aqui, o objetivo da obediência é agradar a Deus para conseguir mérito diante d’Ele e não um fruto da sua graça e do seu amor em nossas vidas. Contra essa ideia lutou a Reforma Protestante enfatizando a sola gratia, um dos cinco pilares na defesa ao Cristianismo.
Sobre isso Mauro Meister (1999, p. 1) registra:

No século XIV, os católicos acusavam os reformadores de antinomistas de serem contrários à lei de Deus. Até mesmo o grande reformador matinho Lutero expressou sua preocupação quanto a alguns de seus seguidores que, em seu zelo de proclamar a graça por tanto tempo desprezada pela igreja, acabavam por desprezar a lei.

O legalismo, abordado por Paulo, em alguma de suas cartas diminui a graça de Deus, pois prega a busca da salvação por meio da prática religiosa e das obras da lei, fazendo-as participantes de nossa aceitação diante de Deus, justamente com os méritos de Cristo. Paulo insistia contra isso e ensinava que a salvação se dá somente pela graça, em Cristo, através da fé (Efésios 2.8-9). Associar boas obras ao que Cristo fez, para obter o favor de Deus, invalida a graça, diminui o sacrifício e a pessoa de Cristo e nos afasta da vida eterna.
Do outro lado, o maior erro do antinomismo é transformar “em libertinagem a graça de nosso Deus” (Judas 4). Enquanto o legalista exalta a lei a ponto de excluir a graça, o antinomiano é deslumbrado pela graça e renega a lei, como uma regra de vida e, argumenta: visto que já libertos da lei (Romanos 7:6) e não estando mais debaixo dela, e sim, da graça (Romanos 6:15), não importa que tipo de vida os crentes levem pois eles já receberam o perdão permanente de Deus.
O que pensamos sobre essa relação entre a lei e a graça vai definir o modo como enxergamos a vida cristã e, que tipo de ética assumiremos em nossa vida prática. Ao escrever este texto pretendo mostrar que, mesmo no Antigo Testamento, com o cumprimento da lei e dos rituais instituídos por Deus, a Sua Graça se manifestava e os homens foram salvos por ela somente, através da fé, mas isso não exclui de modo nenhum as leis dadas por Deus para que as cumpramos, assim, procuremos entender o papel da lei em nossas vidas e a benção de obedecê-la desfrutando da Graça de Deus.

2. A FUNÇÃO DA LEI

Antes de verificarmos a função da lei em nossas vidas, vamos passear um pouco pela Teoria das Alianças trabalhada pela Confissão de Fé de Westminster para explicar a maneira que Deus adotou para se relacionar com as pessoas. Essa teoria divide a aliança de Deus com o homem em duas, Aliança das Obras e Aliança da Graça, assim, comecemos por esclarecer essas alianças e qual o conceito de lei nelas envolvido.
A Aliança das Obras é o pacto existente antes da queda. Adão e Eva viviam originalmente debaixo desse pacto e dependiam da obediência à lei dada por Deus em Gênesis 2.17: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão e Eva desobedeceram e, como consequência, receberam a morte, maldição da Aliança das Obras. A Aliança da Graça é a manifestação misericordiosa de Deus, aplicando Jesus Cristo à maldição da primeira aliança, através do seu sacrifício vicário, fazendo com que parte da sua criação, antes representada em Adão, e agora representada por Cristo, fosse redimida.
Sobre a teoria das alianças Virkler (2001, p.99) afirma:

Outra teoria que enfoca a continuidade antes da descontinuidade na história da salvação é a das alianças do pacto. Os teólogos das alianças veem toda a história bíblica coberta por duas alianças, uma das obras até a queda uma da graça desde a queda até o presente. A aliança das obras é o acordo de Deus com Adão, que pela obediência recebia vida e pela desobediência a morte. A aliança da Graça é o acordo de Deus com o pecador, este recebe vida pela fé e promete uma vida de fé e obediência.

Algumas acusações são feitas a esta teoria, uma delas é que ela considera o Antigo e o Novo Testamento sob a aliança da graça apenas, mesmo com os diversos versículos que indicam a presença de duas alianças. Outra acusação é que a teoria das alianças chega muito próximo da ideia dispensacionalista, visto que o Antigo testamento faz menção a várias alianças. Mas, os que a defendem reúnem todas as alianças do Antigo Testamento sob o título mais geral de Aliança da Graça, para eles a próxima aliança vem para apresentar mais detalhes da Aliança da Graça, visto que as pessoas foram chamadas, justificadas e aceitas na família de Deus pela graça a partir da queda.
Devemos observar que a lei, antes da queda, não se resume à ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Observe os que verbos no imperativo que aparecem nas expressões: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai-a em Gênesis 1.28 indicam ordens, ou seja, leis dadas por Deus para Adão e Eva cumprirem. O relacionamento de Adão com o Criador estava ligado à obediência, mas não só isso, o relacionamento deveria ser de maneira tal que nele, Deus fosse glorificado e ele mesmo tivesse alegria em servi-lo.
Para que o seu relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem deveria ser obediente cumprindo o propósito para o qual foi criado. O ser humano, desde o princípio, conheceu os propósitos de Deus através da lei, ao desobedecê-la tornou-se réu da mesma o qual recebeu a morte por castigo, ou seja, a separação, o relacionamento foi quebrado.
O que acontece com a lei depois da queda e da desobediência? Ela tem o mesmo papel? Ela possui diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar a sua lei ao ser humano caído?

3. o que é a lei de deus?

A revelação da lei de Deus que demonstra a sua vontade encontra-se registrada nas páginas na Bíblia. Essa lei foi revelada e registrada ao longo do tempo e possui diferentes áreas de atuação. Assim, é importante observar o contexto em que cada lei é dada, a quem é dada e qual o seu objetivo, só assim poderemos entender o conceito de lei.
A lei, apresentada na Bíblia, é dividida por muitos estudiosos em três aspectos, quais sejam: lei moral, lei civil e lei cerimonial. Cada uma tem uma função e um tempo para sua aplicação, ou seja, a Lei Civil representa a legislação dada à nação de Israel e define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições; a Lei Cerimonial representa a legislação levítica do Velho Testamento ela ordena os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial e a Lei Moral representa a vontade de Deus para o ser humano ditando seu comportamento e principais deveres.
Sobre a aplicabilidade da lei Solano Portela (1993) afirma

Quanto à aplicação da Lei, devemos exercitar a seguinte compreensão: A Lei Civil tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. A Lei Religiosa tinha a finalidade de transmitir aos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua vinda. A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões.

É de suma importância que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que tipo de lei o texto se refere e identificar a sua aplicabilidade em nossos dias. As leis civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o povo de Deus hoje, ainda que tenham função de ensinar princípios gerais sobre a justiça de Deus. Mas, a lei moral de Deus permanece válida em nossa e em todas as épocas. Ela valeu para Adão assim como vale para nós hoje. Assim, voltemos à questão levantada anteriormente e tentemos buscar a resposta.

4. ESTAMOS SOB A LEI OU SOB A GRAÇA DE DEUS?

Interpretações errôneas podem levar a um entendimento falho dos textos bíblicos de que “não estamos debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6.14). Se entendermos que os três aspectos da lei de Deus vistos anteriormente são distinções bíblicas, de acordo com Solano Portela (1993) podemos concluir que:

Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus, em que o evangelho atinge a todos os povos. Não estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias, cumprida em Cristo, e não nos obriga à nenhum de seus rituais, uma vez que estamos sob a graça do Evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes. Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos achamos cobertos por sua graça. Olhando através desses pontos de vista de fato, não estamos, portanto, sob o domínio da lei, mas sob a graça de Deus. Entretanto, Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando nossos deveres diante de Deus e do nosso semelhante. Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela representa o caminho traçado por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossas vidas (João 14.15). a Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça representando a revelação objetiva e proposicional de sua vontade.   

A afirmação de Paulo de que o Cristão não está “debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos. 6.14) poderia implicar que não há mais regras às quais o cristão deva obedecer, e nenhuma pena para qualquer pecado que ele cometer. A resposta de Paulo é semelhante ao seu ensino nos versos 3-11: o pecado habitual manifesta um estado de escravidão (v. 16), um estado do qual todo cristão foi liberto (Romanos. 6.17,18).
Paulo mostra que os cristãos, libertos da lei mosaica, estão, mesmo assim, vinculados por um código de autoridade, regras de conduta semelhantes em alguns aspectos à da lei mosaica. Ser livre do pecado, segundo Paulo, não significa que os cristãos são autônomos, que vivam sem mestre ou sem qualquer obrigação, ou seja, significa uma nova escravidão, mas desta vez à justiça (Romanos 6.18,19) e a Deus (Romanos 6.22).
Falando sobre isso Virkler (2001 p.95,98) registra:

Lutero acreditava que para uma adequada compreensão da Bíblia devemos distinguir com cuidado entre duas verdades paralelas e sempre presentes: a Lei e o Evangelho. [...] Ambos os aspectos da natureza de Deus existem lado a lado, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A lei reflete a santidade do caráter de Deus. A graça é a resposta divina ao fato de que o homem nunca pode satisfazer ao padrão de santidade exigido pelo Senhor. Para os teólogos luteranos a Lei e o evangelho revelam dois aspectos integrantes da personalidade de Deus: sua santidade e sua graça. Assim eles veem a lei e o Evangelho como partes inseparáveis da história da salvação, desde o relato do pecado da Adão e Eva até o encerramento do milênio. [...] A posição luterana acentua com vigor a continuidade. Deus continua a responder ao homem com a Lei e com a Graça como tem feito desde o começo da história humana. A Lei e Graça são duas épocas diferentes no trato de Deus com os homens mas partes integrantes  de todo o seu relacionamento.

Assim, o papel da lei é reprimir os transgressores para evitar que o mal se expanda perante a sociedade. A lei serve também como um mediador, um condutor a Cristo, segundo as palavras de Paulo em Gálatas 3.24: “... de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé”.
Deus expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente e o crente procurando melhor servir ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua vontade através da lei que foi dada. Para o nascido de novo, que conheceu a graça de Cristo, a lei é prazer, produz respeito, restaura a alma e lhe dá sabedoria; embora, ele seja conduzido pelo Espírito Santo, vivendo e dependendo tão somente da sua graça, a “lei é o melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.” (As Institutas, 2.7.10, apud Meister, 1999 p.7). 
O que seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como ele conheceria a vontade de Deus? Ele seria um perdido, buscando respostas em seu próprio coração, na igreja e/ou na autoridade de alguém que considerasse superior. Mas o crente tem a lei de Deus, que expressa claramente qual é o desejo do Criador para a criatura, qual o desejo do Pai para seus filhos.
Mas essa visão da lei não nos traz de volta ao legalismo? Estamos então novamente debaixo da lei? Certamente que não. Para bem entendermos a lei na Aliança da Graça, precisamos entender também como se dá a relação de Cristo com a Lei.
De acordo com em Mateus 5.17-19 aprendemos que Jesus veio cumprir a lei e não revogá-la - Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a morte e Ele não só cumpriu a lei perfeitamente, mas também a interpretou de forma perfeita, permitindo aos salvos por Ele, entendê-la de forma completa. A justificação que estava associada à lei agora pertence plenamente a Cristo.
Os ensinamentos éticos de Jesus não representam uma separação radical da lei, eles são uma extensão natural dos dois maiores mandamentos que são primeiramente encontrados na lei: "Amarás, pois, o Senhor teu Deus com todo o teu coração" (Deuteronômio 6:5) e "amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18). A grande diferença entre a lei e o evangelho não se encontra em suas respectivas exigências éticas, mas na morte sacrifical Jesus Cristo.
Paulo ensina que a verdadeira liberdade só pode ser obtida em um relacionamento com o Deus que nos criou. Por meio do nosso relacionamento com Cristo em sua morte, nós cristãos morremos para a lei, isto é fomos libertados de seu domínio (Romanos 6.2).  Portanto, nossa obediência à lei não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e vida para o verdadeiro cristão (Romanos 6.17).

5. CONCEITO DE GRAÇA

Para alguns a lei e a graça são conceitos que revelam aspectos opostos acerca de Deus, enquanto que a lei no Antigo Testamento mostra sua severidade, a graça revela seu amor no Novo Testamento; no entanto, podemos perceber que a graça e o evangelho de Deus aparecem no Antigo Testamento também. Pois este foi pregado a Moisés (Hebreus 4.1-2), a Abraão (Gálatas 38-9), dentre outros. Paulo nos diz, em outra de suas cartas, que Abraão e Davi foram exemplo de homens justificados pela fé (Romanos 4.3-6); esses homens esperavam o cumprimento do Evangelho como nós o fazemos, que olhando para o passado vemos sua realização em Cristo. É bem verdade que os crentes do Antigo Testamento não entendiam o Evangelho com a clareza que entendemos hoje, mas eles tinham fé na provisão da sua reconciliação com Deus e por isso alcançou a redenção d’Ele.
A lei e a graça de Deus são reveladas no Antigo Testamento, um não exclui o outro, mas se complementam entre si, na função de revelar a vontade de Deus. A salvação, tanto no Antigo Testamento como no Novo, é fruto de um Deus de misericórdia e não de esforços humanos, sempre se creu na provisão de um sacrifício como base para a salvação.
Mas afinal o que é a graça de Deus? É muito comum ouvirmos na igreja a seguinte definição: “Graça é o favor imerecido que Deus concede ao homem”. Esta definição é verdadeira, porém incompleta, pois ela descreve apenas a graça de Deus para como o homem, e enfatiza que sua graça salvadora é livre.
No sentido mais amplo da palavra, graça é um atributo divino, ele faz parte do caráter de Deus, demonstrada por Ele através da bondade para com o pecador que não merece o seu favor. Visto que a graça faz parte do caráter de Deus, Ele de modo espontâneo a concede à humanidade pecadora a fim de garantir-lhe o perdão dos pecados e a salvação.
A palavra graça também significa encanto ou beleza, principalmente um encanto ou beleza interior, que se evidencia em tudo que uma pessoa faz e diz. Assim, quando dizemos que Deus é gracioso, queremos dizer que ele é belo e encantador em tudo que ele é e em tudo que ele faz e que sua beleza brilha em todas as suas ações e palavras.
A Graça de Deus está presente no Antigo Testamento. Deus não concedeu Seu amor e graça a Israel por merecimento. Deus escolheu Israel para que fosse o seu povo através de um ato de legítima graça (Deuteronômio 7.6-9). A graça e a misericórdia foram manifestadas a nações inteiras; pela graça de Deus Nínive foi poupada da destruição quando demonstrou arrependimento de seu pecado com a pregação de Jonas.
No Novo Testamento a graça de Deus assume uma nova dimensão se tornando evidente ao ser humano nas palavras e obras de Jesus Cristo. A salvação de homens pecadores é a maior prova da graça de Deus, foi Ele mesmo que, em Sua bondade e graça, decidiu providenciar a salvação para o homem após a queda.
Deus não precisa de nós para ser gracioso? É inerente a Ele ser gracioso, e seria mesmo que não tivesse decidido salvar ninguém, mas Ele decidiu salvar, o que é algo esplendidamente maravilhoso e o motivo pelo qual deveríamos ser gratos constantemente.

6. CONCLUSÃO

Como fica então o aparente contraste entre a Lei e Graça? Como corrigir essa visão distorcida?
A relação lei e graça envolve diversos aspectos. Primeiramente, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua graça somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Nenhuma pessoa do Antigo testamento foi salva pela obediência à Lei, ainda que o Senhor requeresse deles, como também requer de nós, que sejamos obedientes.
Em segundo lugar, a lei opera para vida ou para a morte na aliança das obras e somente para a morte na aliança da graça. Na aliança das obras, pela obediência o homem poderia continuar vivo. Na aliança da graça a lei opera para condenação do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para a morte.
Por último, o crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas consequências, nos traz a salvação e o privilegio de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que outorgou-lhe a salvação por seu sacrifico, mas ainda aqui o homem é favorecido, não salvo pela Lei, pois Cristo cumpriu a lei e declarou justificado aquele por quem ele morreu.
É um erro considerar que em primeiro lugar foi exposta a lei e depois a graça, visto que a graça de Deus tem se manifestado salvadora a todos os homens, desde os tempos eternos Cristo é Cordeiro de Deus, morto antes da fundação do mundo (1 Pedro 1:19 -20). A graça de Deus é antes da lei, manifestada para suprir a necessidade dos homens em todas as épocas. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa (Gálatas 3.17).
Concluo então com o que disse Smalling (2012 p. 7): A graça salvadora é um favor de Deus não merecido por nós. É soberana e depende exclusivamente da vontade de Deus.[...] A graça é oposta ao mérito. A graça é a causa única da salvação, portanto esta não se baseia em nenhuma contribuição humana.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFCAS

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- MEISTER, Mauro Fernnades. Lei e Graça: Uma Visão Reformada, disponível em  http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__2/Mauro, acesso 18/04/2012.
- PORTELA, F. Solano, Pena de Morte - Uma Avaliação Teológica e Confessional,
disponível em http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/aspectos_pena_morte_solano.htm  acesso em 07/04/2012.
PACKER, J. I. A Graça e a Lei, disponível em
http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/graca_lei_packer.htm, acesso em 07/04/2012.
LEVY, David M. Glória da Graça de Deus. Disponível em
http://www.chamada.com.br/mensagens/gloriosa_graca.html, acesso em 29/05/2012.
SMALLING, Roger L. O que é a graça, disponível em
http://www.monergismo.com/textos/graca_irresistivel/o-que-e-graca_smalling.pdf, acesso em 29/05/2012.
- HANKO, Ronald. A Graça de Deus Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto. Disponível em http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_graceofGod.htm, acesso em 29/05/2012.

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