Nos dias atuais a igreja tem perdido o seu foco, que é o de cumprir a ordem de Jesus “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a todo criatura, Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc. 16.15-16), e através da pregação da palavra alcançar o homem perdido, levando-o a perceber a sua condição de pecador e da necessidade de arrependimento e confissão dos pecados para ser salvo e não condenado. Não se fala mais em pecado, em necessidade de arrependimento, não se prega mais a Jesus como Salvador e Senhor, aquele que veio para perdoar os pecados e se restaurar a comunhão com Deus outrora perdida.
Com o propósito de atrair multidões tem-se pregado um evangelho “água com açúcar”, um evangelho que não trata do problema maior do homem – ele é pecador – para não correr risco de magoá-lo, ou de afastá-lo da igreja; a preocupação tem sido agradar o homem, em satisfazer os seus desejos, em detrimento do objetivo principal que é o de glorificar a Deus. “O que importa é a criatura e não o Criador”.
Busca-se a religião não pela necessidade primeira do homem, de se relacionar com Deus e obter dele as bênçãos espirituais das quais o apóstolo Paulo diz que “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm. 8.18). Não importa qual religião seguir, se ela está para satisfazer os meus anseios, se pode me oferecer tudo o que eu desejo, se me proporciona uma qualidade de vida desejável, e principalmente, se não cobra de mim uma mudança de caráter, uma mudança de vida, é esta que me interessa. “Em muitos casos a religião não tem provocado arrependimento, não tem provocado conversão, não tem provocado renúncia, não tem provocado desprendimento, não tem provocado humildade”.
Nesse contexto encontramos o que Paulo Romeiro vai chamar de “nômades de fé”, aquele tipo de crente que, decepcionado com uma igreja, por não está satisfazendo o seu desejo, vai à busca de outra, uma que possa lhe dar respostas imediatas aos problemas, essas pessoas buscam a riqueza, a cura para todo tipo de doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta de emprego. Querem receber bênçãos, mas, não buscam o Deus das bênçãos.
Em ultima análise observemos as músicas que tem sido cantada nas igrejas. Elas não têm servido para legitimar esta visão? Muitos cantores evangélicos têm produzido músicas que servem mais para exaltar ao homem e aquilo que Deus pode fazer por ele, as vitórias que Deus pode lhes conceder, do que para exaltar a Deus. Raramente ouvimos músicas que revelem a grandeza de Deus e sua essência, que mostrem a condição pecaminosa do homem e da sua necessidade de arrependimento; dificilmente se canta a necessidade de viver uma vida santa e de obediência aos mandamentos e princípios de Deus. Também dificilmente ouvimos músicas que falem do sacrifício e sofrimento de Jesus na cruz do calvário e do grande amor de Deus a humanidade, mostrando que somente através desse sacrifício o homem pode se chegar a Deus e alcançar o perdão para os seus pecados e, por conseguinte a vida eterna.
O problema não está em querer receber benção ou alcançar prosperidade, pois Deus mesmo prometeu dar aos filhos seus: Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará (Sl. 1.3) O problema está no fato de que a ordem foi invertida, o homem tem buscado primeiramente as bênçãos para depois buscar a Deus, quando o busca, que abençoa e se Ele não o faz, cai no esquecimento e o louvor que lhe é devido deixa de ser oferecido. Outro agravante é o que se tem pregado: se eu não recebo as bênçãos que desejo é porque não tenho fé ou estou em pecado, e isso não é verdade, o próprio Jesus nos adverte: “No mundo tereis aflições, mas tendo bom animo, eu venci o mundo” (Jo. 16.33).
Que Deus nos dê sabedoria e humildade para responder com mansidão a todos que perguntarem sobre a razão da nossa fé e usando argumentos sólidos e fundamentados na Palavra de Deus possamos responder sobre os equívocos que existe por traz desses ensinamentos.
Umbelina Rodrigues de Sousa
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