FRASES QUE MARCAM

“Assim como as paixões, violentas ou não, jamais devem ser expressas de forma a produzir asco, a música ainda que nas situações mais terríveis, nunca deve ofender o ouvido, mas agradar; continuar a ser música enfim” (Wolfgang Amadeus Mozart).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O PECADO IMPERDOÁVEL

TEXTO BÍBLICO

Mateus 12.22-32: 22. Então, lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver. 23. E toda a multidão se admirava e dizia: É este, porventura, o Filho de Davi? 24. Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios. 25. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. 26. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino? 27. E, se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. 28. Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. 29. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa. 30. Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha. 31. Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. 32. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.

INTRODUÇÃO

            Se nos fosse questionado qual pecado imperdoável? Qual o maior pecado que alguém pode cometer? O que responderíamos? Estupro (de criança), assassinato, seqüestro, tortura... Vejamos algumas respostas dadas a essa pergunta no yahoo respostas:

“São tantos tão graves... Violentar uma criança, violentar qualquer mulher, matar sem ser em legítima defesa, um pai desonrar a própria filha, ato sexual com a mãe, egoísmo,... muitos crimes contra os irmãos e até crimes contra Deus. Só Deus poderá julgar qual o pior.

“O pecado da IGNORÂNCIA: não questionar, não perguntar, não argumentar, não ponderar, apenas aceitar como uma marionete, sem pensamento próprio e sem vontade própria”.

“Acho que pecado não tem tamanho... mas a sociedade em que vive julga a complexidade de cada ato...”

Definição: Segundo o dicionário online Priberam da Língua Portuguesa pecado é: 1. Transgressão de preceito religioso. 2. Vício. 3. Culpa, falta. 4. Informal. Demónio. No contexto religioso temos as seguintes definições: pecado atual!: o que é feito pelo indivíduo (em oposição ao original); pecado de carne: pecado sensual; pecado habitual: o que macula a consciência até ser perdoado; pecado mortal: o que leva ao Inferno se não é confessado; pecado original: o herdado de Adão; pecado venial: pecado leve que leva ao Purgatório se não é confessado. Fig. Coisa já esquecida e de que se não deve falar; pecados velhos: pecados cometidos há muito tempo.

O problema do pecado tem sido um tema que pouco se tem falado nos dias atuais, com o advento da teologia liberal evidencia-se o homem e as bênçãos que ele pode receber, mas do que a necessidade que este homem tem de demonstrar arrependimento e confessar que é pecador, nesse contexto a questão da “blasfêmia contra o Espírito Santo” também tem sido pouco trabalhado, isso acontece porque maioria das pessoas não se acha pecadoras, muito menos blasfemadoras do Espírito Santo”. Essa expressão “blasfêmia contra o Espírito Santo” foi proferida por Jesus para qualificar o pecado dos fariseus (Mt 12.31-32). Acredita-se que o texto de I João 5.16 também se refere a esse tipo de pecado.

Citação: "Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue." (I João 5.16)

ELUCIDAÇÃO

Blasfêmia: ato de amaldiçoar, falar 63mal, depreciar, demonstrar desrespeito ou falta de reverencia para com Deus. No grego, esta palavra significa dizer "coisas abusivas" e é usada para indicar esse tipo de declaração contra os homens (Ap. 2.9); contra o Diabo (Jd. 9) e contra Deus (Dn. 3.29).
            No Antigo Testamento todo aquele que blasfemava contra Deus, fosse estrangeiro ou israelita, era punido com a morte (Lv 24.15-16). Era uma violação do terceiro mandamento, que exigia que o nome e a reputação do Senhor fossem preservados (Ex. 20.7) O transgressor de que se fala em Lv 24.11 era filho de mãe hebréia e de pai egípcio. Procurou-se a direção de Deus para tratar deste caso. E quando foi conhecida a disposição do Senhor (Lv 24.12), o blasfemo foi levado para fora do arraial: os que tinham ouvido a ofensa puseram as suas mãos sobre ele, e toda a congregação o apedrejou (Lv 24.14,23). Era nas palavras de Lv 24.16 que os rabinos baseavam a sua crença de que não era lícito pronunciar o nome do Senhor sem o devido respeito. Segundo os escribas, a blasfêmia envolvia um abuso direto e explicito do nome de Deus.  
A blasfêmia também é tratada por Jesus Cristo como ofensa de especial gravidade. Os judeus descrentes dos dias de Jesus o acusaram de blasfêmia porque o considerava um simples mortal, ao passo que Ele afirmava ser o Filho de Deus (Jo.10.33, Mt 9.3)). Na verdade, a iniquidade dos judeus é que fazia com que o nome de Deus fosse blasfemado entre os gentios (Rm 2.24). Por causa da forte oposição a Jesus e seu Evangelho, eles próprios tornaram-se culpados de blasfêmia (At 18.6). Jesus condenou como blasfêmia o fato de terem atribuído a obra do Espírito Santo a Satanás (Mt. 12.31-32; Mc. 12.29).
Os cristãos são instruídos a evitar qualquer comportamento que blasfeme o nome e os ensinamentos do Senhor (Ef. 4.31)

PROPOSIÇÃO: A blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável.

SENTENÇA DE TRANSIÇÃO: A Bíblia nos mostra algumas razões porque a blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável.

1. A blasfêmia contra o Espírito Santo é incredulidade.

Há muita confusão sobre o que é na verdade a blasfêmia contra o Espírito Santo. Isto se deve a opinião das diversas correntes de interpretação sobre o assunto. Há quem diga que a blasfêmia contra o Espírito santo é o cair da graça, ou seja, perder a salvação. Na história da Igreja Primitiva, muitos estudiosos emitiram seus pareceres neste assunto:

Irineu – era a rejeição do evangelho;
Atanásio – era a negação da divindade de Cristo, a qual foi evidenciada ao homem pela concepção do Espírito Santo;
Orígenes – era toda a quebra da lei após o batismo.
Agostinho – era a dureza do coração humano rejeitando a obra de Cristo.
Burge – era atribuir as coisas boas de Deus a um ato de Satanás;
Davis – atribuir os milagres de Cristo a influência de Satanás.

Citação: Mas Eu vos digo a verdade: Convém-vos que Eu vá, porque se Eu não for o Consolador não vira para vos outros; se, porém, Eu for Eu Vo-lo enviarei.  Quando Ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não Me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já esta julgado. (Jo. 16:7-11).

Nos texto base, o Senhor Jesus está dizendo a seus opositores que atribuir a Satanás tudo que tem sido operado pelo poder do Espírito Santo, é demonstrar uma visão moral de forma tão distorcida que já não existe nenhuma esperança de recuperação.

Citação: "O homem de forma voluntária, maliciosa e intencionalmente atribui o que com clareza se reconhece como obra de Deus à influencia e operação de Satanás" (Berkhof, p. 255).

Reconhecendo o poder sobrenatural de Jesus, seus opositores o atribuíram não a Deus, mas a Satanás. Os fariseus já haviam se decidido a lutar contra Jesus e não aceitá-lo como Filho de Deus (12.14), logo, eles teriam que encontrar uma explicação para o poder de Jesus e por isso o atribui a satanás.
Os milagres demonstravam claramente que o Reino de Deus, seu poder e sua soberania, estavam atuantes no mundo. A negação deste fato não tinha origem na ignorância, mas na recusa voluntária em crer.

Citação: "Portanto a descrença é imperdoável. O único pecado que Deus não pode perdoar é a recusa do perdão. Então, o pecado imperdoável é o estado de insensibilidade moral causada pela contínua recusa em crer no poder de Deus" (Robert H. Mounce, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, pag. 129).

2. A blasfêmia contra o Espírito Santo anula o seu poder em nossas vidas.

O que torna diferente o "pecado imperdoável" dos outros é a sua relação com o Espírito Santo. Sabemos que a função do Espírito Santo é:

2.1. Iluminar a mente dos pecadores - Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele,iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos (Ef 1.17-18);

2.2. Revelar e ensinar o evangelho de modo que a Palavra de Deus seja entendida - Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26); “Porque o Espírito Santo vos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que deveis dizer” (Lc 12:12).

2.3. Regenerar e renovar o pecador - “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt. 3.6);

Quando a influência do Espírito Santo é recusada de forma consciente, então o pecado imperdoável está sendo cometido de forma deliberada, como um ato voluntário. Em resposta a essa atitude, há endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé.

Citação: Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.  (Hb 3.12-13). 

Citação: Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz (Rm. 9.17-18).

Deus não faz isso levianamente e sem causa, mas em resposta a um ultraje cometido contra o seu amor. Esse pecado resulta da rejeição aos apelos do Espírito Santo, que leva à completa insensibilidade espiritual.

3. A Blasfêmia contra o Espírito torna o homem insensível

Este pecado leva o homem a um estado incorrigível de insensibilidade moral e espiritual, porque pecou voluntariamente contra a sua própria consciência. O que dizer da inversão de valores? Vivemos numa época em que a verdade foi relativizada, não existe a verdade, o que existe é a minha ou a sua verdade, o que importa é defender os valores individuais, que satisfaçam a minha vida, se eu estou feliz, então tudo está bem, não importa que valores eu esteja defendendo. O certo agora é errado e o errado é o certo. 
Este estado de insensibilidade então tem levado homem a manifestar determinadas atitudes que desagradam a Deus, quais sejam:

3.1. Entristecer o Espírito Santo. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção (Ef 4.30).

3.2. Resistir o Espírito Santo. Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis (At 7.51).

3.3. Apagar o Espírito Santo. Não apagueis o Espírito (1 Ts 5.1 9). 

4. A blasfêmia contra o Espírito Santo resulta em condenação eterna

O texto que nos serve de base faz alusão aos resultados imediatos e vindouros da blasfêmia contra o Espírito Santo. Jesus diz que tal pecado nunca seria perdoado (Mc. 12.29), nem neste mundo nem no porvir. Quem o comete é réu de pecado eterno. Na linguagem de João, este pecado é para a morte, ou seja, separação eterna de Deus (I Jo. 5.16), que é a segunda morte, reservada para aqueles cujos nomes não estão inscritos "no livro da vida".
Os líderes religiosos haviam se voltado completamente contra a revelação de Deus. Eles estavam tão aprofundados nas suas próprias iniqüidades, que eles rejeitaram, não somente a Jesus Cristo, como também ao Espírito Santo. Eles estavam dizendo que o bom era mau, e o mau, bom. Eles chamaram o Espírito de Deus de Satanás, uma vez que eles haviam rejeitado Jesus, a única fonte de perdão, agora não havia mais perdão para eles. Uma pessoa que se vira contra Jesus Cristo não pode mais receber o perdão, e isso foi exatamente o que eles haviam feito.

Citação: Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Ap. 21.8). 
Citação: “A interpretação verdadeira é que o pecado imperdoável não pode ser perdoado durante a vida física, na terra, e nem na vida de além túmulo” (Champlin. O Novo Testamento Interpretado, Vol. I).

CONCLUSÃO

Freqüentemente pessoas sinceras expressam o temor de haverem cometido o pecado imperdoável. Para nossa tranqüilidade devemos ter em mente que:

1. Enquanto alguém crê de todo o coração que Jesus é filho de Deus e o salvador do mundo, enquanto anela a salvação, pode estar certo de que não cometeu o pecado imperdoável.

2. "Qualquer que esteja preocupado com sua rejeição a Cristo, obviamente não cometeu este "pecado imperdoável". Porque este pecado elimina uma consciência preocupada com qualquer tipo de pecado" (Scofield, p. 964).

3. Uma pessoa que quer se arrepender, isto é, quer se desfazer dos pecados que tenha cometido, não sofreu o endurecimento e não cometeu o profundo ato que Deus determinou que não perdão.

A aplicação insensível dessas palavras a situações que não tem nenhuma semelhança com a distorção deliberada da verdade pelos fariseus tem causado grande angustia a muitas pessoas mais vulneráveis. Jesus não estava falando de um deslize temporário, mas de uma decisão consolidada de se opor a obra de Deus.
O pecado imperdoável não é necessariamente dizer palavras grosseiras a respeito do Espírito Santo. Os líderes religiosos haviam se voltado completamente contra a revelação de Deus. Eles estavam tão aprofundados nas suas próprias iniqüidades, que eles rejeitaram, não somente a Jesus Cristo, como também ao Espírito Santo.
Se você quer obedecer a Deus, mas está preocupado que você tenha cometido o pecado imperdoável, você, na verdade, não o cometeu. Se, alguém, hoje, cometeu esse tipo de pecado, será alguém com um coração duro, que tenha se voltado contra Jesus, que o tenha insultado, que tenha se tornado tão depravado, que ele diria que o Espírito de Deus é Satanás.
Qualquer pessoa que nasceu de novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito Santo que vive nele é Deus, e Deus não está dividido contra si mesmo (v25).  "Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus (1 Jo 3.9).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

·         BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã.
·         RYRIE, Charles C. A Bíblia Anotada e Expandida. Editora Mundo Cristão, SBB, 2007.

·         YOUNGBLOOD, Ronald Y, R. K. Harrison e F. F. Bruce. Dicionário Ilustrado da Bíblia. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2004.

·         CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. 1ª edição, 2009.
·         CHAMPLIN, Russell Normam. Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Volume I. Editora Agnos.  2ª Edição, 2001.
·         Bíblia de estudos: Bíblia de Estudos de Genebra;
·         Bíblia de Estudos e Referências de Dr. Scofield.

REFERENCIAS ELETRONICAS

·         http://br.answers.yahoo.com
·         http://www.priberam.pt/DLPO/


Umbelina Rodrigues de Sousa

Obs. Semão apresentado na aula de Homilética II no curso de Teologia (Setebrae)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ADORADOR OU ADORADO

Nos dias atuais a igreja tem perdido o seu foco, que é o de cumprir a ordem de Jesus “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a todo criatura, Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc. 16.15-16), e através da pregação da palavra alcançar o homem perdido, levando-o a perceber a sua condição de pecador e da necessidade de arrependimento e confissão dos pecados para ser salvo e não condenado. Não se fala mais em pecado, em necessidade de arrependimento, não se prega mais a Jesus como Salvador e Senhor, aquele que veio para perdoar os pecados e se restaurar a comunhão com Deus outrora perdida.
Com o propósito de atrair multidões tem-se pregado um evangelho “água com açúcar”, um evangelho que não trata do problema maior do homem – ele é pecador – para não correr risco de magoá-lo, ou de afastá-lo da igreja; a preocupação tem sido agradar o homem, em satisfazer os seus desejos, em detrimento do objetivo principal que é o de glorificar a Deus. “O que importa é a criatura e não o Criador”.
Busca-se a religião não pela necessidade primeira do homem, de se relacionar com Deus e obter dele as bênçãos espirituais das quais o apóstolo Paulo diz que “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm. 8.18). Não importa qual religião seguir, se ela está para satisfazer os meus anseios, se pode me oferecer tudo o que eu desejo, se me proporciona uma qualidade de vida desejável, e principalmente, se não cobra de mim uma mudança de caráter, uma mudança de vida, é esta que me interessa. “Em muitos casos a religião não tem provocado arrependimento, não tem provocado conversão, não tem provocado renúncia, não tem provocado desprendimento, não tem provocado humildade”.
Nesse contexto encontramos o que Paulo Romeiro vai chamar de “nômades de fé”, aquele tipo de crente que, decepcionado com uma igreja, por não está satisfazendo o seu desejo, vai à busca de outra, uma que possa lhe dar respostas imediatas aos problemas, essas pessoas buscam a riqueza, a cura para todo tipo de doença e que todos os seus problemas sejam resolvidos, desde a falta de dinheiro até a falta de emprego. Querem receber bênçãos, mas, não buscam o Deus das bênçãos.
Em ultima análise observemos as músicas que tem sido cantada nas igrejas. Elas não têm servido para legitimar esta visão? Muitos cantores evangélicos têm produzido músicas que servem mais para exaltar ao homem e aquilo que Deus pode fazer por ele, as vitórias que Deus pode lhes conceder, do que para exaltar a Deus. Raramente ouvimos músicas que revelem a grandeza de Deus e sua essência, que mostrem a condição pecaminosa do homem e da sua necessidade de arrependimento; dificilmente se canta a necessidade de viver uma vida santa e de obediência aos mandamentos e princípios de Deus. Também dificilmente ouvimos músicas que falem do sacrifício e sofrimento de Jesus na cruz do calvário e do grande amor de Deus a humanidade, mostrando que somente através desse sacrifício o homem pode se chegar a Deus e alcançar o perdão para os seus pecados e, por conseguinte a vida eterna.
O problema não está em querer receber benção ou alcançar prosperidade, pois Deus mesmo prometeu dar aos filhos seus: Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará (Sl. 1.3) O problema está no fato de que a ordem foi invertida, o homem tem buscado primeiramente as bênçãos para depois buscar a Deus, quando o busca, que abençoa e se Ele não o faz, cai no esquecimento e o louvor que lhe é devido deixa de ser oferecido. Outro agravante é o que se tem pregado: se eu não recebo as bênçãos que desejo é porque não tenho fé ou estou em pecado, e isso não é verdade, o próprio Jesus nos adverte: “No mundo tereis aflições, mas tendo bom animo, eu venci o mundo” (Jo. 16.33).
Que Deus nos dê sabedoria e humildade para responder com mansidão a todos que perguntarem sobre a razão da nossa fé e usando argumentos sólidos e fundamentados na Palavra de Deus possamos responder sobre os equívocos que existe por traz desses ensinamentos.

Umbelina Rodrigues de Sousa